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Vendas no varejo do Brasil voltam a crescer em setembro mas ficam bem abaixo das expectativas

Publicado 12.11.2024, 09:03
Atualizado 12.11.2024, 09:35
© Reuters. Rua de comércio em São Paulon15/12/2020. REUTERS/Amanda Perobelli

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas varejistas no Brasil aumentaram em setembro, voltando a crescer após um tropeço no mês anterior, mas ainda ficaram bem abaixo das expectativas.

Em setembro, o setor de varejo registrou alta de 0,5% nas vendas na comparação com o mês anterior, depois de recuo de 0,2% em agosto, mas o resultado ficou bem aquém da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 1,1%.

Na comparação com mesmo mês do ano anterior, houve avanço de 2,1%, contra expectativa de 3,7%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira..

Assim, o setor terminou o terceiro trimestre com alta de 0,3% na vendas sobre os três meses anteriores, mostrando forte desaceleração em relação aos avanços de 1,5% e 2,7% respectivamente no segundo e primeiro trimestres.

"O comércio foi muito puxado no ano pelo comportamento do varejo no primeiro semestre. Mas como um todo, o comércio está numa base alta e patamar elevado", disse Cristiano Santos, gerente da pesquisa no IBGE.

Um mercado de trabalho aquecido, aumento da massa salarial, expansão do crédito e uma inflação ainda controlada vêm favorecendo o consumo neste ano, embora haja expectativa de perda de força no segundo semestre diante da taxa de juros elevada e do arrefecimento da economia.

Na última quarta-feira, o Banco Central decidiu acelerar o ritmo de aperto nos juros ao elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 11,25% ao ano, e alertou nesta terça que uma deterioração adicional das expectativas de mercado para a inflação à frente pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto dos juros básicos.

Entre as oito atividades pesquisadas, quatro apresentaram resultado positivo em setembro, segundo o IBGE -- Outros artigos de uso pessoal e doméstico (3,5%), Combustíveis e lubrificantes (2,3%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, e de perfumaria (1,6%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,3%).

"Ao longo do ano de 2024, o desempenho dos setores de hiper e supermercados e artigos farmacêuticos sustentou o varejo. Isso não foi diferente na passagem de agosto para setembro, o que reflete uma certa concentração do consumo em itens prioritários, como alimentos e medicamentos", explicou Santos.

© Reuters. Rua de comércio em São Paulo
15/12/2020. REUTERS/Amanda Perobelli

Por outro lado, Móveis e Eletrodomésticos (-2,9%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-1,8%), Tecidos, vestuário e calçados (-1,7%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-0,9%) tiveram queda nas vendas no mês.

"Isso sugere que a demanda por consumo não é tão robusta assim, mesmo com o mercado de trabalho em níveis recordes de ocupação, o que indica que o aumento na renda disponível das famílias está sendo direcionada para outras necessidades", avaliou André Valério, economista sênior do Inter, ao avaliar o desempenho de atividades de consumo discricionário como vestuário e móveis e eletrodomésticos.

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças; material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas cresceu 1,8% em setembro sobre agosto.

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