Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - As vendas no varejo brasileiro registraram queda bem mais forte do que o esperado mas ainda assim terminou 2017 com crescimento após dois anos de contrações, com destaque para os eletrodomésticos, sustentando a recuperação da atividade em ambiente de juros e inflação baixos.
Em dezembro, as vendas no varejo recuaram 1,5 por cento na comparação com o mês anterior, resultado mais fraco desde as perdas de 1,9 por cento em janeiro de 2016 e bem pior que a expectativa de recuo de 0,4 por cento em pesquisa da Reuters com analistas.
Sobre o mesmo período do ano anterior, o setor apresentou ganho de 3,3 por cento, ante expectativa dos economistas consultados de avanço de 4,7 por cento.
Mesmo assim, o setor fechou 2017 com alta de 2 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, depois de contrações de 4,3 e 6,2 por cento em 2015 e 2016, respectivamente.
O resultado é efeito da melhora do consumo após dois anos de recessão, mas ainda está longe de recuperar as perdas acumuladas de 10,2 por cento em 2015 e 2016.
"Teve ainda uma ambiente econômico mais favorável com recuperação da renda e do crédito, além de inflação e juros mais baixos. Foi um ano que fechou positivo, mas nem de longe repõe a perda de mais de 10 por cento dos últimos dois anos", disse a economista do IBGE Isabella Nunes.
Ela acrescentou ainda que a perda vista em dezembro veio por conta do resultado forte de novembro impulsionado pela Black Friday. "Tanto que os setores que mais subiram em novembro apresentaram queda em dezembro", disse a economista. Em novembro as vendas varejistas subiram 1 por cento.
Entre as atividades pesquisadas, segundo o IBGE, o destaque em 2017 foi a alta de 9,5 por cento de móveis e eletrodomésticos, com juros menores facilitando o crédito.
O aumento de 1,4 por cento nas vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, também ajudou na retomada do setor no ano passado.
Ambas as atividades, entretanto, pressionaram o resultado de dezembro. Enquanto as vendas de supermercados caíram 3 por cento na comparação com novembro, as de móveis e eletrodomésticos recuaram 2,7 por cento.
No varejo ampliado, que incluem veículos e material de construção, as vendas caíram 0,8 por cento em dezembro sobre o mês anterior mas fecharam 2017 com alta de 4 por cento.
O comércio brasileiro iniciou 2018 com uma visão mais positiva sobre o quadro atual do país, o que levou a confiança do setor em janeiro ao maior nível desde julho de 2014, segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV).