Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - A arrecadação do governo federal com impostos e contribuições teve queda real de 9,32 por cento em agosto sobre igual mês do ano passado, para 93,738 bilhões de reais, no pior declínio mensal registrado pela Receita Federal em 2015.
O resultado também foi o mais fraco para o mês desde agosto de 2010, quando somou 89,889 bilhões de reais, de acordo com dados corrigidos pela inflação, informou a Receita Federal nesta sexta-feira. Em termos nominais, a arrecadação recuou pela primeira vez no ano, em 0,68 por cento.
A Receita Federal destacou que o desempenho de agosto foi prejudicado pela base de comparação, já que no mesmo mês do ano passado houve o ingresso de 7,13 bilhões de reais em receita extraordinária decorrente do programa de refinanciamento de dívidas tributárias de empresas. Neste ano, a arrecadação nessa mesma linha foi de 2,248 bilhões de reais em agosto.
Mas também houve forte retração na arrecadação de outros tributos, como Imposto de Renda para Pessoa Física, IPI e Cofins/Pasep.
No acumulado do ano até agosto, a arrrecadação soma 805,814 bilhões de reais, no pior resultado para o período em cinco anos, evidenciando as dificuldades do governo para reequilibrar as contas públicas em meio à fraca atividade econômica.
"Os números apurados na arrecadação estão em linha com o desempenho da atividade econômica", disse o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita, Claudemir Malaquias.
Também houve retração na receita previdenciária, em conjuntura marcada pelo quadro recessivo e elevado nível de desoneração tributária.
Sem perspectiva de melhora da economia e após a agência de classificação de risco Standard & Poor's retirar o selo de bom pagador do Brasil, o governo anunciou na segunda-feira um pacote para buscar cumprir a meta de superávit primário consolidado de 2016 equivalente a 0,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
O pacote têm como âncora a proposta de recriação da CPMF, que precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional num momento de grave crise política.