Por Brian Homewood
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Domenico Scala, o empresário suíço que liderava as reformas na Fifa, pediu demissão neste sábado, dizendo que os comitês de supervisão da entidade perderam a sua independência.
Scala, chefe do comitê de auditoria e observância, afirmou que a reforma da Fifa, que tenta se recuperar do maior escândalo da sua história, foi minada por uma resolução do Congresso da entidade na sexta-feira.
A resolução, aprovada por 186 votos a 1, deu ao conselho da Fifa poder de nomear ou “demitir qualquer funcionário” de seus órgãos independentes, como o comitê de ética e o de auditoria.
Essa resolução dá efetivamente ao conselho — que substituiu o antigo comitê executivo e é chefiado pelo presidente da entidade, Gianni Infantino — o direito de demitir o juiz de ética Hans-Joachim Eckert, o investigador de ética Cornel Borbely e o próprio Scala.
O comitê de ética, reformado em 2012, investigou e baniu mais de uma dezena de autoridades por violações éticas, entre eles o ex-presidente da entidade Joseph Blatter e o ex-secretário-geral Jérôme Valcke. Também houve punições contra membros do próprio comitê executivo.
Scala afirmou que o novo modelo “mina o pilar central da boa governança da Fifa e destrói feitos substanciais das reformas”.
“Será possível que o conselho impeça investigações contra seus membros a qualquer momento, demitindo os membros do comitê responsável ou os mantendo submissos pela ameaça de demissão”, acrescentou Scala.
“Os órgãos foram de fato censurados em sua independência e estão sob risco de se tornar agentes auxiliares daqueles que deveria supervisionar.”A Fifa disse neste sábado que Scala "interpretou mal" uma decisão que permitirá ao conselho da entidade nomear e demitir os integrantes dos comitês de vigilância.
"A Fifa lamenta que o sr. Scala tenha interpretado erradamente a finalidade da decisão tomada pelo Congresso da Fifa", afirmou a entidade em comunicado. "O sr. Scala tem feito alegações infundadas."
Eckert e Borbely não foram encontrados para comentar.