HELSINQUE (Reuters) - A desaceleração dos mercados emergentes continua sendo um grande risco para a economia da zona do euro, mas os temores de queda dos preços e expectativas deflacionárias têm diminuído, disse o membro da Comissão Executiva do Banco Central Europeu (BCE) Benoit Coeure nesta sexta-feira.
Na semana passada o BCE estendeu seu programa de compra de ativos para combater a inflação persistentemente baixa, e Coeure disse que o banco ainda tem flexibilidade, mantendo-se pronto para ajustar o esquema de "quantitative easing" se isso se tornar necessário.
O BCE está preocupado que as expectativas de longo prazo da inflação estejam se movendo para baixo, ou se tornando desancoradas, o que indica que o público está perdendo sua confiança na capacidade do banco de fazer os preços, atualmente próximos a zero, subirem de volta à sua meta de pouco abaixo de 2 por cento.
"O maior risco à inflação saiu agora da mesa: que era o risco de deflação, expectativas deflacionárias que se autorreforçam, o que chamamos de desancoragem das expectativas inflacionárias", disse Coeure em entrevista à imprensa em Helsinque.
"Isso foi tratado e, como eu disse, se virmos um risco de a inflação ficar muito longe de 2 por cento, podemos reajustar o programa", acrescentou.
Coeure disse que o crescimento dos mercados emergentes continua a desacelerar, tendo um importante papel no recente corte das expectativas de demanda externa do BCE.
"Nós vemos (os mercados emergentes) desacelerando e isso certamente faz parte dos riscos, talvez a parte mais importante dos riscos que vemos para nosso ambiente", disse.
O BCE, que cortou sua taxa de depósito na semana, não está focado no banco central dos Estados Unidos quando determina a taxa de juros, mas a política monetária norte-americana ainda tem que ser levada em consideração, disse ele.
(Reportagem de Jussi Rosendahl e Anna Ercanbrack)