Por Matt Spetalnick
HANÓI (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta segunda-feira que Washington irá suspender totalmente um embargo à venda de armas letais ao Vietnã, enfatizando o avanço nas relações entre os dois ex-inimigos em meio a um cenário de tensões crescentes com Pequim por causa do Mar do Sul da China.
Durante um almoço de Estado suntuoso em Hanói, o presidente vietnamita, Tran Dai Quang, brindou a primeira visita de Obama ao país como a chegada de uma primavera calorosa após um inverno de frio intenso.
Obama, terceiro mandatário norte-americano a visitar o Vietnã desde que os laços entre as duas nações foram reestabelecidos em 1995, fez do "reequilíbrio" estratégico com a região um dos pilares de sua política externa.
O Vietnã, onde os EUA guerrearam até 1975, se tornou uma parte essencial dessa estratégia em um pano de fundo de crescimento do poderio militar chinês e de seus clamores de soberania no Mar do Sul da China.
A decisão de encerrar o embargo de armas, que se deu após um debate intenso dentro do governo Obama, leva a crer que as preocupações dos EUA com a assertividade da China pesaram mais do que os argumentos de que o Vietnã não fez o suficiente para melhorar seu histórico de direitos humanos e que Washington irá perder a chance para pressionar por reformas.
Em uma coletiva de imprensa com Quang, Obama disse que as disputas no Mar do Sul da China deveriam ser resolvidas pacificamente, e não por quem "tem a mão mais pesada", mas insistiu que a suspensão do embargo não tem relação com a China.
Mais tarde ele acrescentou que sua visita a um ex-rival mostrou que "os corações podem mudar e que a paz é possível", e que a venda de armas irá depender do comitê de direitos humanos do Vietnã e será analisada caso a caso para se concretizar.