Por David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou nesta terça-feira suas projeções de crescimento global pela terceira vez em menos de um ano, com novos números de Pequim mostrando que a economia chinesa cresceu no menor ritmo em 25 anos.
Para apoiar suas projeções, o FMI citou uma acentuada desaceleração no comércio da China e os preços fracos das commodities que estão prejudicando economias como as do Brasil e de outros mercados emergentes.
O Fundo prevê que a economia mundial vai crescer 3,4 por cento em 2016 e 3,6 por cento em 2017, ambos os anos com corte de 0,2 ponto percentual das previsões anteriores de outubro. O FMI disse que as autoridades devem considerar maneiras de impulsionar a demanda no curto prazo.
As previsões atualizadas do relatório "Perspectiva Econômica Global" vêm no momento em que os mercados financeiros globais são afetados pelas preocupações com a desaceleração da China e a forte queda dos preços do petróleo.
O FMI manteve suas previsões sobre o crescimento da China de 6,3 por cento em 2016 e de 6 por cento em 2017, o que representa uma forte desaceleração em relação 2015.
A China divulgou que seu crescimento em 2015 atingiu 6,9 por cento após um ano no qual a segunda maior economia do mundo sofreu grandes fugas de capital, uma queda de sua moeda e um tombo de seu mercado acionário.
Estes números aumentaram as esperanças de que Pequim vai trazer mais medidas de estímulos, o que levou a uma alta dos mercados acionários.
O Fundo disse que uma desaceleração maior da demanda na China continua sendo um risco ao crescimento global e que os dados mais fracos do que esperado das importações e exportações chinesas estão pesando com força sobre outros mercados emergentes e exportadores de commodities.
O relatório do FMI diz que a continuada agitação do mercado também pode ajudar a reduzir o crescimento se levar a uma maior aversão ao risco e depreciação das moedas nos mercados emergentes. Outros riscos incluem mais valorização do dólar e uma escalada das tensões geopolíticas.
O FMI disse que a perspectiva para uma aceleração da produção nos Estados Unidos está diminuindo com o dólar forte pesando sobre a indústria e com os preços baixos do petróleo reduzindo os investimentos em energia. O Fundo agora projeta o crescimento econômico dos EUA em 2,6 por cento tanto para 2016 quanto para 2017, 0,2 ponto percentual menor para os dois anos em comparação à projeção de outubro.
Na Europa, os preços mais baixos do petróleo vão ajudar a apoiar o consumo privado, de modo que o FMI acrescentou 0,1 ponto percentual à sua previsão de crescimento para a zona do euro, levando-a para 1,7 por cento, patamar que continuará em 2017.
O economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, disse que o Fundo está encorajando a manutenção da política monetária expansionista em alguns países, como no Japão e na Europa.