Por George Georgiopoulos e Matthias Williams
ATENAS (Reuters) - O banco central da Grécia alertou nesta quarta-feira que o país corre o risco de trilhar uma saída dolorosa da zona do euro e até mesmo da União Europeia se Atenas e seus credores não firmarem rapidamente um acordo que libere recursos ao país em troca de reformas econômicas.
Um importante negociador grego disse à Reuters que o governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras está pronto para fazer concessões não especificadas mas descartou mais uma vez qualquer corte nas aposentadorias - um ponto importante nas negociações.
A Alemanha, maior economia da Europa, manteve sua postura de exigir que a Grécia dê passos substanciais para romper o impasse.
Atenas tem até o fim de junho para encontrar uma maneira de sair dessa crise antes de ser obrigada a fazer um pagamento ao Fundo Monetário Internacional (FMI) de 1,6 bilhão de euros, o que potencialmente vai deixá-la à beira de sair da zona do euro.
"Não vai funcionar sem a Grécia agir de forma significativa", disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, em Berlim.
O negociador grego Euclid Tsakalotos confirmou que a Grécia não tem dinheiro para pagar o FMI e disse que o governo só vai aceitar um acordo que seja sustentável e lide com questões relacionadas a dívida, financiamento e investimento. A UE já disse que não quer entrar nessas discussões neste momento.
"Se tivermos isso, então o governo grego vai assinar o acordo", disse Tsakalotos. "Se não houver esse tipo de acordo, não há porque assinar algo que você sabe que vai falhar."
A probabilidade de que um acordo possa ser fechado na quinta-feira em uma reunião de ministros das Finanças parece cada vez mais remota.
"As pessoas estão ficando ansiosas dos dois lados. Atenas espera que Bruxelas aja. E Bruxelas espera que Atenas aja. Está travado", disse um diplomata da UE, que pediu para não ser nomeado. "É muito perigoso, e podemos ter um acidente."
O banco central grego afirmou que chegar a um acordo é "um imperativo histórico" que o país não pode ignorar.
"Não chegar a um acordo... marcaria o início de uma trajetória dolorosa que levaria inicialmente a um default grego e, no fim, à saída do país da zona do euro e, mais provavelmente, da União Europeia", disse a instituição em relatório.
Em um sinal de que o Banco Central Europeu ainda está apoiando a Grécia, o BCE elevou o teto de sua linha emergencial de crédito aos bancos do país para 84,1 bilhões de euros, de 83 bilhões. O BCE tem elevado o teto de pouco em pouco e o aumento substancial de mais de 1 bilhão de euros reflete o crescente estresse bancário à medida que clientes sacam seu dinheiro.
O banco central grego disse que a crise levou a saques de cerca de 30 bilhões de euros dos bancos gregos entre outubro e abril. Os saques continuam.