BRASÍLIA (Reuters) - O tom da reunião da presidente Dilma Rousseff com seu núcleo de coordenação política na manhã desta quinta-feira foi o de que a perda do selo de bom pagador pela agência de rating Standard & Poor´s é uma notícia ruim, mas não deve ser superdimensionada.
Segundo uma fonte próxima à coordenação política do governo, que pediu para não ser identificada, o clima da reunião foi de tranquilidade, apesar da má notícia, e a mensagem da presidente foi de que o governo "deve continuar atuando e não deixar o rebaixamento impactar mais do que se deve".
Na avaliação de um dos participantes, ainda segundo essa fonte, ao reunir ministros e lideranças no Congresso no dia seguinte ao anúncio do corte do rating soberano do país, a presidente Dilma quis unificar o discurso do governo e evitar desencontros.
Uma segunda fonte, que participou da reunião mas preferiu não ser identificada, disse que embora o rebaixamento não deva ser superestimado, foi colocada a necessidade de apresentação de medidas que possam sinalizar um horizonte melhor para a economia.
Dentre as hipóteses aventadas durante o encontro está a possibilidade de obter receitas de áreas antes consideradas intocáveis, caso dos recursos destinados ao Sistema S.
Essa fonte acrescentou ainda que a equipe econômica do governo deve, já na próxima semana, definir "a espinha dorsal" de uma série de medidas para melhorar as contas públicas e cobrir o orçamento deficitário enviado ao Congresso.
Essas ações devem envolver cortes de gastos e a criação de impostos ou contribuições temporários que não tenham impactos inflacionários significativos.
Do lado do Executivo, participaram da reunião o vice-presidente Michel Temer e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), Edinho Silva (Comunicação Social), Eduardo Braga (Minas e Energia), José Eduardo Cardozo (Justiça), Gilberto Kassab (Cidades) e Ricardo Berzoini (Comunicações).
Os líderes do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS); na Câmara, José Guimarães (PT-CE); e no Congresso Nacional, José Pimentel (PT-CE), também estavam no encontro.
(Reportagem de Leonardo Goy,; Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)