BRASÍLIA (Reuters) - O governo da presidente Dilma Rousseff avalia usar as reservas internacionais para abater a dívida pública federal, disse nesta segunda-feira o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, negando a ideia de utilização desses colchão para investimentos.
"Essa perspectiva de queima de reserva para investimento não está. A outra (para abater dívida), reflete-se, mas não tem decisão tomada", afirmou o ministro a jornalistas, após reunião de coordenação política com a participação da presidente Dilma Rousseff.
As reservas internacionais, hoje na casa de 370 bilhões de dólares, são consideradas um colchão de segurança em meio à rápida deterioração das contas públicas e mantém o setor público brasileiro como credor líquido em moeda estrangeira.
Em entrevista à Reuters na semana passada, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que o governo não tinha planos de usar as reservas internacionais, considerando importante mantê-las no patamar atual.
O PT, por outro lado, defende o uso desses recursos para injetar ânimo à economia e gerar mais empregos.
Segundo Wagner, há quem defenda que os recursos sejam direcionados para investimento, mas o que o governo avalia é seu uso para o abatimento da dívida pública. Procurados, tanto o Ministério da Fazenda quanto o Banco Central --gestor das reservas internacionais-- não se manifestaram imediatamente.
A dívida bruta do país ficou em 67 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em janeiro, segundo dados mais recentes do BC. Ao tirar o selo de bom pagador do país no mês passado, a agência de classificação de riscos Moody's projetou que a dívida chegará a 80 por cento do PIB nos próximos três anos, na esteira do desequilíbrio fiscal e em meio à intensa crise política.
Wagner também fez a avaliação que o mau humor em relação ao governo manifestado nos protestos de domingo é resultado da situação econômica do país e garantiu que não será adotada nenhuma medida "bombástica". O ministro disse ainda que não há uma resposta rápida para a economia que não seja uma "aventura".
No ano passado, o PIB despencou 3,8 por cento, pior desempenho em 25 anos. Para este ano, as perspectivas seguem ruins, com o mercado prevendo recuo de 3,54 por cento, conforme pesquisa Focus do BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Texto de Eduardo Simões e Marcela Ayres)