Por Renee Maltezou e Jan Strupczewski
BRUXELAS (Reuters) - A Grécia afastou-se do abismo nesta segunda-feira, quando apresentou novas propostas de reforma que os líderes da zona do euro receberam cautelosamente bem como uma possível base para um acordo nos próximos dias para evitar um calote.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que presidiu uma reunião de emergência de líderes do bloco de 19 nações, classificou as propostas gregas de "um passo positivo adiante".
Os mercados acionários europeus e os ativos gregos subiram com esperanças de um acordo de último minuto para aliviar uma crise que está ameaçando tirar a Grécia da zona do euro e enfraquecer as fundações de moeda única da União Europeia.
"Estou convencido de que chegaremos a um acordo final ao longo desta semana", disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em uma coletiva de imprensa à noite.
A chanceler alemã, Angela Merkel, cujo país é o maior credor grego, foi mais cautelosa. "Não posso dar nenhuma garantia de que isso vá acontecer", disse, sobre um acordo final. "Ainda há muito trabalho a ser feito."
As propostas gregas incluíram impostos mais altos e taxas para benefícios sociais, além de passos para conter aposentadorias antecipadas, mas não os cortes nominais de pensões e salários inicialmente buscado pelos credores. O primeiro-ministro esquerdista, Alexis Tsipras, eleito em janeiro sob a promessa de acabar com medidas de austeridade, também pareceu evitar aumento de impostos sobre valor agregado sobre eletricidade ou afrouxar as leis de proteção ao trabalho.
Tsipras disse que a bola estava novamente no campo dos credores e que eles deveriam fornecer um acordo que torne as enormes dívidas da Grécia acessíveis. "Estamos buscando uma solução abrangente e viável, que será seguida por um pacote de crescimento forte e que ao mesmo tempo torne a economia grega viável", afirmou ele a repórteres.
A Grécia precisa pagar 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) até 30 de junho ou será declarada em default, potencialmente provocando uma corrida aos bancos e controles de capital.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, descreveu o novo documento grego como abrangente e "uma base para realmente reiniciar as conversas", mas disse que as negociações nos próximos dias mostrariam os desdobramentos.
Ele deixou a cúpula dizendo apenas que haveria "trabalho duro nas próximas horas".
O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, foi o mais negativo, dizendo a repórteres mais cedo que não havia visto nada novo da Grécia.
Participantes disseram que Schaeuble questionou na reunião do Eurogrupo se o Banco Central Europeu deveria continuar com os empréstimos emergenciais aos bancos gregos se não havia nenhum acordo esta semana e se isso não deveria ser acompanhado por controles de capital.
Uma autoridade grega disse que o presidente do BCE, Mario Draghi, garantiu a Tsipras em uma reunião privada que o banco central continuaria apoiando os bancos gregos enquanto Atenas permanecesse no programa de resgate. Uma fonte do BCE declarou que não havia nenhuma ligação direta entre a assistência emergencial de liquidez e o programa.
Participantes disseram que a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, lançou dúvidas no encontro sobre se as propostas eram suficientes para tornar as finanças públicas da Grécia sustentáveis.
"Nós temos muito trabalho a fazer nas próximas 48 horas. Não estamos de forma alguma no fim do caminho", disse Lagarde ao sair da reunião.
Tsipras havia demandado uma promessa de alívio da dívida como condição para um acordo, mas Merkel e Juncker disseram que agora não era o momento para discutir isso. Um diplomata da UE disse que Tsipras mostrou um tom muito cooperativo na cúpula e prometeu trabalhar mais nas propostas para garantir um acordo esta semana.
Juncker disse que propôs um programa de 35 bilhões de euros por medidas de melhoria do crescimento na Grécia até 2020. O dinheiro pareceu ser uma confirmação da existência de orçamento na UE reservado para Atenas.