SÃO PAULO (Reuters) - A inadimplência no mercado de crédito brasileiro manteve-se estável em agosto no segmento de recursos livres sobre julho, mas a taxa média de juros e o spread bancário avançaram na mesma base para níveis recordes, num ambiente econômico marcado por inflação persistente e Selic em patamar elevado.
O spread bancário --diferença entre o custo de captação e a taxa efetivamente cobrada pelos bancos ao consumidor final-- renovou o ponto mais alto da série histórica iniciada em março de 2011, a 31,9 pontos percentuais no segmento de recursos livres, em que as instituições financeiras definem livremente as taxas de juros das operações.
Em sua cruzada contra a alta de preços na economia, que em 12 meses se aproxima de 10 por cento, o BC subiu a taxa básica de juros em sete reuniões consecutivas do Comitê de Política Monetária (Copom), deixando-a inalterada em 14,25 por cento ao ano somente em sua última decisão, tomada no início deste mês.
Como reflexo do encarecimento do crédito, em agosto a taxa média de juros no segmento de recursos livres também alcançou patamar recorde, a 45,3 por cento ao ano.
Apesar das condições mais duras para tomar recursos emprestados, a inadimplência no mês manteve-se estável no mesmo segmento sobre julho, a 4,8 por cento.
No mês passado, o estoque total de crédito no Brasil teve alta de 0,7 por cento contra julho, apontou o BC, a 3,132 trilhões de reais, ou 54,6 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
O crescimento foi puxado principalmente pela concessão de empréstimos com recursos direcionados. O saldo no segmento, em que as operações contam com taxas ou recursos definidos por normas do governo, subiu 1,1 por cento no mês a mês. O aumento do estoque no segmento de recursos livres foi bem menor, de 0,3 por cento.
(Por Marcela Ayres)