Juros médios caem com contenção de R$31,3 bi de gastos pelo governo, mas IOF cria ruídos

Publicado 22.05.2025, 17:00
Atualizado 22.05.2025, 17:06
© Reuters. Notas de 200 reaisn02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Após chegarem a cair mais de 20 pontos-base em alguns vencimentos, as taxas dos DIs encerraram a quinta-feira com quedas mais modestas, com o mercado brasileiro ponderando por um lado o anúncio de contenção de R$31,3 bilhões em gastos pelo governo, mas reagindo negativamente à estratégia de divulgação de mudanças no IOF.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos no curto prazo -- estava em 14,747%, ante o ajuste de 14,75% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2027 marcava 14,035%, em alta de 2 pontos-base ante o ajuste de 14,055%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,8%, em alta de 9 pontos-base ante 13,89% do ajuste, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,88%, ante 13,96%.

As taxas dos DIs cediam desde a manhã, acompanhando o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, mas a expectativa dos investidores girava em torno da divulgação pelo governo, às 14h30, do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias, referente ao segundo bimestre do ano.

Por volta das 14h15 -- antes mesmo da divulgação -- as taxas despencaram, em meio a informações do jornal Valor Econômico de que a contenção seria de 31 bilhões e haveria aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A confirmação do número foi feita pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, e posteriormente oficializada pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento.

O governo anunciou uma contenção de R$31,3 bilhões em gastos dos ministérios para cumprir regras fiscais, incluindo um contingenciamento de R$20,7 bilhões e um bloqueio de R$10,6 bilhões. Sem essa contenção, o resultado primário de 2025 seria de déficit de R$51,7 bilhões -- fora da meta do governo para o ano.

Três profissionais consultados pela Reuters afirmaram que o mercado aprovou os números em um primeiro momento, já que a expectativa era de contenção entre R$10 bilhões e R$15 bilhões. Na prática, a mensagem passada pelo governo seria de disciplina fiscal.

Às 15h32, com os números divulgados e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, iniciando a entrevista coletiva sobre o relatório, a taxa do DI para janeiro de 2031 atingiu a mínima de 13,67%, em baixa de 22 pontos-base ante o ajuste da véspera.

Daí para frente, porém, houve uma piora no mercado e algumas taxas chegaram a zerar as perdas.

A piora ocorreu em parte pela leitura mais detalhada do relatório pelo mercado, defendeu o economista-chefe do Bmg, Flavio Serrano.

“Num primeiro momento, parecia um esforço fiscal maior. Depois os agentes avaliaram que o resultado efetivo das receitas e das despesas era pior do que o orçado”, comentou. “Por isso a necessidade de um maior contingenciamento.”

Como o Ministério da Fazenda insistiu em divulgar detalhes sobre a mudança no IOF apenas depois das 17h, isso abriu margem para especulações no mercado.

Uma das fontes ouvidas pela Reuters citou “falta de clareza” do governo. Outra fonte pontuou que parte dos investidores, após o forte recuo das taxas depois da divulgação dos números do relatório, decidiu realizar lucros, comprando taxa, com medo de vir “algo ruim desse IOF”.

Durante a coletiva, Haddad defendeu que as medidas no momento seriam suficientes para cumprir o arcabouço fiscal do governo, mas disse que elas poderiam ser complementadas ao longo do ano. Haddad afirmou ainda que vai “continuar perseguindo o centro da meta”.

O governo tem como meta para 2025 um resultado primário zero, com margem de tolerância de 0,25% do produto Interno Bruto (PIB).

A questão fiscal é um dos principais fatores de avaliação, pelo mercado, sobre o futuro da inflação e da política monetária no Brasil.

Perto do fechamento desta quinta-feira a curva a termo precificava 91% de probabilidade de manutenção da taxa Selic em junho, contra 9% de chance de elevação de 25 pontos-base. Atualmente a Selic está em 14,75% ao ano.

No mercado de opções de Copom da B3 (BVMF:B3SA3), a precificação na quarta-feira -- atualização mais recente -- era de 69,00% de probabilidade de manutenção da Selic, 24,00% de chances de alta de 25 pontos-base e 4,50% de possibilidade de elevação de 50 pontos-base.

No exterior, às 16h46, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- caía 6 pontos-base, a 4,539%.

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