PEQUIM (Reuters) - A China não quer entrar em uma guerra comercial com a Europa, afirmou o premiê, Li Keqiang, nesta segunda-feira, em um pronunciamento conjunto com a chanceler alemã, Angela Merkel, que pediu mais negociações com Pequim sobre a concessão de condição de economia de mercado pela Organização Mundial do Comércio.
A tensão sobre a decisão de se conceder ou não o grau de economia de mercado à China não se colocou adiante durante negociações entre o país e Alemanha durante a visita de Merkel. Nesta segunda-feira, a Airbus fechou acordo para venda de 100 helicópteros para um consórcio chinês, enquanto a Daimler Chrysler e a parceira chinesa BAIC Motor anunciaram investimentos de 4 bilhões de iuans (608 milhões de dólares) para ampliar produção de motores.
Pequim considera a Alemanha, maior parceira comercial da China na União Europeia, como influente no debate do bloco de países sobre a concessão de status de economia de mercado ao país asiático.
Quando aceitou entrar na OMC em 2001, a China concordou que os membros da entidade poderiam usar comparações de um terceiro mercado para se determinar se importações chinesas estão ocorrendo dentro das regras da organização.
Essa condição é válida até dezembro, mas persiste a irritação de que Pequim está prejudicando indústrias estrangeiras por conta de subsídios pesados, com benefícios concedidos a setores com grande excesso de capacidade instalada, como o siderúrgico.
"A China já cumpriu suas obrigações com a OMC. O que é necessário agora é que outras partes cumpram com as obrigações que prometeram", disse Li. "Não queremos uma guerra comercial porque isso não vai beneficiar ninguém", acrescentou.
Já Merkel, que no domingo começou sua nona viagem à China desde que assumiu o governo alemão, afirmou: "Não ajuda sentimentalizar o assunto. Eu estou convencida de que podemos encontrar uma solução na linha do que foi prometido 15 anos atrás."
Em uma viagem à China no ano passado, Merkel afirmou que a Alemanha era favorável em princípio à concessão de status de economia de mercado à China, mas que Pequim ainda tinha trabalho a fazer, incluindo abrir mais seus mercados.
Comissários europeus devem debater a questão em junho ou julho, em um momento de tensões em que a China é acusada por rivais globais de promover dumping em exportações de aço após a desaceleração da demanda em seu mercado interno.
(Por Ben Blanchard e Andreas Rinke)