BRASÍLIA (Reuters) - O governo tentará votar o projeto que reverte a política de desonerações da folha de pagamento na Câmara dos Deputados ainda nesta semana, disse nesta terça-feira o líder da bancada governista, deputado José Guimarães (PT-CE), que conta com o compromisso do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de colocar o projeto em votação a partir das 19h da quarta-feira.
"Vamos trabalhar para ter quórum", disse Guimarães a jornalistas, após reunião de lideranças da Câmara nesta terça. "Muita gente está chegando", afirmou, referindo-se aos colegas, que devem dedicar a noite desta terça-feira às tradicionais festas de São João, tradicionalmente comemoradas do dia 23 para o dia 24 de junho.
"Nós precisamos encerrar até a quinta-feira a pauta do ajuste (fiscal) e a partir daí discutirmos outras agendas de interesse do país", afirmou.
O projeto que reverte parte das desonerações integra o pacote de propostas do governo editadas para reequilibrar as contas públicas. Há ainda outras medidas editadas com a mesma intenção, mas não tão polêmicas como as MPs já aprovadas que alteraram o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários.
O projeto de lei que aguarda votação na Câmara prevê a elevação de alíquotas de contribuição previdenciária sobre a receita bruta de 1 por cento para 2,5, no caso da indústria, e de 2 por cento para 4,5 por cento para empresas de serviços.
Quatro setores --comunicação social, transporte de passageiros, call centers e alguns itens alimentícios da cesta básica-- terão uma elevação menor em suas alíquotas, de cerca de um terço do aumento previsto para outras áreas.
A votação da proposta na Câmara estava prevista para a última quinta-feira, mas foi adiada após notícias de apedrejamento a ônibus que transportava parlamentares oposicionistas brasileiros em visita a presos políticos na Venezuela. O clima esquentou, e a análise do projeto passou para a próxima quarta-feira.
Antes de se debruçar sobre o projeto, no entanto, deputados terão de analisar duas medidas provisórias, uma que estabelece a política de reajuste do salário mínimo, e outra que desobriga tratores e equipamentos agrícolas do pagamento de licenciamento.
De acordo com Guimarães, há acordo para a apreciação das medidas, e sua votação depende apenas de um quórum mínimo necessário para iniciar a ordem do dia.
(Por Maria Carolina Marcello; Edição de Maria Pia Palermo e Eduardo Simões)