Buenos Aires, 6 mar (EFE).- O presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou neste domingo que a decisão de "encerrar o problema da dívida" com os fundos que levaram o país aos tribunais de Nova York por bônus em moratória desde 2001 é uma "condição fundamental" para "construir confiança" e poder ter acesso ao crédito internacional.
Em artigo publicado no jornal "Norte" da província nortista do Chaco, o líder aponta para a necessidade de "iniciar" a economia argentina para alcançar as metas que impôs para sua etapa de governo, que começou em 10 de dezembro ao assumir a presidência do país.
"E uma forma de ativá-las é fazer pontes com o mundo. Por quê? Porque necessitamos gerar trabalho para conseguir nosso objetivo de pobreza zero. Se somos confiáveis e estabelecemos relações inteligentes e maduras com outros países, vamos conseguir que invistam em nosso país", confessa Macri.
Depois de quase 15 anos de litígio pelos títulos de dívida em moratória desde 2001, a Argentina, após o giro das negociações dado por causa da mudança de governo, alcançou no final de fevereiro um princípio de acordo com os fundos que representa 85% das exigências incluídas em uma decisão judicial contra o país sul-americano do juiz nova-iorquino Thomas Griesa.
A estes credores, o país terá que pagar antes de 14 de abril com um dinheiro que o país planeja conseguir mediante uma emissão internacional de bônus por US$ 11,6 bilhões.
No entanto, para resolver definitivamente o conflito o governo necessita que o Congresso derrogue as leis Ferrolho e de Pagamento Soberano.
A primeira impede voltar a negociar com os credores e melhorar a oferta realizada aos credores nas reestruturações de dívida de 2005 e 2010, a segunda deslocou de Nova York a Buenos Aires a sede de pagamento.
"É difícil que um vizinho nos empreste sua pá se ainda não lhe devolvemos o que nos emprestou há um tempo. Obviamente, o problema é bem mais complexo", argumenta Macri, antes de afirmar que o importante é que a Argentina "devia honrar suas dívidas para ser confiável e poder ter acesso ao crédito internacional".
Segundo sua opinião, se houver crédito, por exemplo, será mais fácil para os empreendedores contar com o dinheiro que necessitam para começar seus projetos; as famílias poderão tirar um crédito hipotecário para ter sua casa própria, e o Estado vai poder fazer as obras de longo prazo que de outra forma não poderia fazer.
"Mais confiança é mais investimento" e ao mesmo tempo "mais investimento é mais trabalho", enquanto "mais trabalho", continua o governante, é "a forma mais genuína para sair da pobreza".
Após reconhecer que a Argentina "tem um papel importante no cenário internacional", o presidente assegurou que é um país "com um potencial enorme", não só por suas riquezas naturais, mas também porque na sua opinião a criatividade, o engenho, a capacidade de inovação e a paixão dos argentinos são reconhecidas em todo o mundo.
"Nos últimos anos, infelizmente usamos muita dessa energia para brigar entre nós e nos isolarmos do mundo", lamenta em uma coluna de opinião intitulada "Uma Argentina que se expande para que todos possamos crescer".
"Por isso estamos trabalhando para mostrar ao mundo que vale a pena apostar pela Argentina", destacou o político.