Caracas, 15 out (EFE).- O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quinta-feira que decretou um aumento do salário mínimo de 30% para fazer frente à inflação que, garantiu, está em torno de 80%, e responsabilizou o setor privado, que faz uma "guerra econômica" contra seu governo.
"Eu decidi decretar, para proteger o salário do último trimestre do ano de 2015 e deixar protegido dos capitalistas ladrões o salário do primeiro trimestre de nossa amada classe operária, um aumento do salário mínimo nacional de 30%", disse Maduro em um ato de governo no estado de Zulia, no oeste do país.
O salário mínimo mensal vigente na Venezuela até hoje era de 7.422 bolívares equivalentes a US$ 1.178 com o câmbio de 6,3 bolívares por dólar - o câmbio oficial mais baixo - ou iguais a US$ 37,11 com câmbio de 199,85 bolívares por dólar, a taxa oficial mais alta, dentro do complicado sistema de controle de divisas que vigora no país.
Com este ajuste anunciado hoje, o salário passará para 9.649 (US$ 1.531 ou US$ 48,2) e "imediatamente, devem ser ajustadas todas as tabelas da administração pública e das forças armadas", ordenou o presidente.
Segundo Maduro, esta medida "representa um aumento anualizado de 137% da renda mínima vital dos trabalhadores" que vai "muito além da inflação" e garantiu que o Banco Central da Venezuela (BCV) e o Instituto Nacional de Estatística (INE) lhe informaram que a inflação está "perto de 80%".
A informação sobre o índice de inflação foi oferecida por Maduro depois que, ao longo de todo o ano de 2015, o BCV deixou de apresentar dados mensais, tanto do índice de preços ao consumidor, como da evolução do Produto Interno Bruto (PIB).
"Pode estar por aí, perto de 80 %, me disseram, são as projeções. Agora, cabe a eles, ao BCV e ao INE, anunciar essas estatísticas", disse o presidente ao indicar que a inflação de 2015 é "induzida, especulativa, criminosa", que foi promovida pelo setor privado e pela oposição de seu país.
A medida adotada por Maduro também incluiu um aumento do vale-alimentação, cuja base de cálculo era de 0,75% e agora passou para 1,5%.
No dia 5 de outubro, o Centro de Documentação e Análise Social (Cendas) da Federação Venezuelana de Professores divulgou um relatório que indicava que uma família venezuelana de cinco pessoas necessita de dez salários mínimos para adquirir a cesta básica de produtos indispensáveis.
Em maio, Maduro também decretou um aumento de 30% que se diluiu com a inflação deste ano que, segundo economistas e porta-vozes da oposição, é superior a 150%.
A Venezuela tem um dos piores desempenhos econômicos da região neste ano após encerrar 2014 em recessão e com uma inflação acima de 65%, a mais alta da América Latina, e vem sofrendo especialmente devido à queda drástica dos preços internacionais do petróleo que rondam os US$ 40 por barril.