Por Toby Sterling
AMSTERDÃ (Reuters) - A maioria dos eleitores da Holanda rejeitou um tratado entre a Ucrânia e a União Europeia que estreitaria os laços políticos e econômicos entre as partes, em um gesto de repúdio ao governo holandês e ao establishment da UE.
O abrangente tratado de política, comércio e defesa, que já havia sido assinado pelo governo do primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, e aprovado por todas as outras nações do bloco, assim como por Kiev, entrou em vigor provisoriamente em janeiro.
Mas isso não impediu que os eleitores holandeses rejeitassem o pacto com uma margem de 64 por cento de votos contrários, em um referendo que teve um comparecimento de somente 32 por cento do eleitorado – quase insuficiente para que o resultado seja considerado válido.
Os eleitores disseram estar expressando sua oposição não somente ao tratado em si, mas também aos formuladores de política europeus em temas que vão da crise imigratória à política econômica, e não muito antes de a Grã-Bretanha ir às urnas em junho para decidir se permanece na UE ou não.
Embora o resultado do referendo não seja de aplicação compulsória, no final da quarta-feira Rutte admitiu ser politicamente impossível para seu impopular governo ratificar o tratado em sua forma atual.
Como no momento a Holanda ocupa a presidência rotativa da UE, ele irá precisar de tempo para conceber se e como pode alterar o tratado de maneira que satisfaça todos os envolvidos.
Rutte disse que seu gabinete irá consultar o Parlamento e seus parceiros europeus "passo a passo".
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, disse nesta quinta-feira que seu país irá continuar a se aproximar da UE, apesar da rejeição holandesa.
"Sob quaisquer circunstâncias, continuaremos a implementar o acordo de associação com a União Europeia, incluindo um acordo de livre comércio profundo e abrangente", afirmou a repórteres em Tóquio.
Qualquer proposta de alteração terá que passar pelas duas casas do parlamento holandês, incluindo o Senado, onde a frágil coalizão de Rutte carece de maioria. Se um meio-termo for encontrado, ainda terá que ser palatável para outros países europeus, além da Comissão Europeia e do governo ucraniano.
(Reportagem adicional de Elaine Lies, em Tóquio; Michelle Martin, em Berlim; e Dmitry Solovyov, em Moscou)