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Por Tarek Amara
TÚNIS (Reuters) - Moradores entraram no complexo de fosfato da estatal Grupo Químico Tunisiano (CGT) na cidade de Gabès, no sul do país, neste sábado, exigindo seu fechamento para evitar a poluição ambiental e doenças respiratórias, segundo testemunhas.
O protesto destaca a pressão sobre o governo do presidente Kais Saied, já pressionado por uma profunda crise econômica e financeira, para equilibrar as demandas de saúde pública com a produção de fosfato, o recurso natural mais valioso da Tunísia.
Os manifestantes estavam caminhando dentro da instalação e entoando slogans pedindo seu fechamento e desmantelamento, segundo testemunhas e vídeos nas mídias sociais.
Soldados do Exército e veículos militares foram vistos estacionados dentro do complexo, embora não tenham sido registrados confrontos.
"Gabès se transformou em uma cidade da morte, as pessoas estão lutando para respirar, muitos moradores sofrem de câncer ou fragilidade óssea devido à poluição severa", disse Khaireddine Dbaya, um dos manifestantes, à Reuters.
GABÈS ESTÁ SOFRENDO CRISE AMBIENTAL
A CGT não respondeu aos pedidos da Reuters para comentar a situação em Gabès.
O presidente Saied disse na semana passada que Gabès estava sofrendo um "assassinato ambiental" devido ao que ele chamou de escolhas criminosas de políticas antigas, culpando-as por doenças generalizadas e pela destruição dos ecossistemas locais.
Ele pediu uma ação rápida e a adoção de soluções propostas por jovens para lidar com uma crise ambiental em andamento.
Em 2017, as autoridades se comprometeram a desmontar o complexo de Gabès e substituí-lo por uma instalação que atenda aos padrões internacionais, reconhecendo que suas emissões representavam um perigo para os residentes locais. No entanto, o plano ainda não foi implementado.
Toneladas de resíduos industriais são despejadas diariamente no mar de Chatt Essalam, em Gabès.
Grupos ambientalistas alertam que a vida marinha foi gravemente afetada, com pescadores locais relatando um declínio dramático no volume de peixes na última década, atingindo uma fonte vital de renda para muitos na região.
A mais recente onda de protestos foi desencadeada esta semana depois que dezenas de crianças em idade escolar sofreram dificuldades respiratórias causadas pela fumaça tóxica da usina próxima.
Vídeos mostraram pais em pânico e equipes de emergência ajudando os alunos que lutavam para respirar, alimentando ainda mais a indignação pública e os pedidos de fechamento da fábrica.
O governo pretende reavivar o setor de fosfato aumentando a produção em cinco vezes, para 14 milhões de toneladas até 2030, para capitalizar a crescente demanda global.