Atenas, 1 jul (EFE).- O ministro de Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, pediu nesta quarta-feira que os cidadãos votem 'não' no referendo do domingo e afirmou que a ruptura das negociações aconteceu devido à recusa dos credores a reestruturar a dívida do país.
"As negociações se estagnaram porque os credores da Grécia se negaram a reduzir nossa impagável dívida pública e insistiram em que deveria ser paga 'parametricamente' pelos membros mais frágeis de nossa sociedade, seus filhos e seus netos", escreveu Varoufakis em uma publicação em seu blog pessoal.
Sob o título "Por que recomendamos um 'NÃO' no referendo em seis pontos curtos", Varoufakis sustentou que "o Fundo Monetário Internacional, o governo dos Estados Unidos, muitos outros governos no mundo e os economistas mais independentes acreditam - junto conosco - que a dívida deve ser reestruturada".
O ministro se referiu ao fato de que o Eurogrupo (formado pelos ministros de Economia e Finanças dos países da zona do euro) se comprometeu no segundo resgate, assinado em novembro de 2012, a abordar a questão da dívida.
Então, lembrou Varoufakis, a zona do euro reconheceu que a dívida "devia ser reestruturada", mas apontou que agora "está rejeitando comprometer-se a reestruturá-la".
"Desde o anúncio do referendo, a Europa enviou sinais de que está pronta para discutir a reestruturação da dívida. Estes sinais mostram que a Europa também votaria 'NÃO' a sua própria 'oferta final'", comentou.
Varoufakis ressaltou que a permanência da Grécia na zona do euro e na União Europeia "não é negociável" e assegurou, por outro lado, que os depósitos nos bancos gregos "estão seguros" no momento em que a Grécia vive seu terceiro dia de feriado bancário.
"Os credores escolheram a estratégia da chantagem baseada no fechamento dos bancos", criticou, salientando que "a atual situação de estagnação" se deve a tal decisão e não a que o governo tenha suspendido as negociações ou tenha "qualquer pensamento" em relação à saída do euro.
Para Varoufakis, o futuro "exige uma Grécia orgulhosa dentro da zona do euro", motivo pelo qual o país deve dizer "um grande 'NÃO' no domingo, que ficamos na zona do euro, e que, com o poder que nos confere essa negativa, renegociamos a dívida pública da Grécia, assim como a distribuição das responsabilidades entre os que têm e os que não".
O ministro respaldou assim as declarações do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, que hoje, em mensagem televisionada, destacou que optar pelo 'não' no referendo não implica na saída do país da moeda comum, pois o governo segue disposto a negociar com as instituições.