Por Alastair Macdonald e Lefteris Papadimas
BRUXELAS/ATENAS (Reuters) - Os ministros das Finanças da zona euro deram a benção final nesta sexta-feira para emprestar à Grécia até 86 bilhões de euros depois que o Parlamento grego aprovou as condições mais rígidas exigidas pelo programa de resgate durante uma sessão à noite.
Depois de seis horas de negociações em Bruxelas, os ministros disseram em comunicado que "o Eurogrupo considera que os elementos necessários estão agora estabelecidos para lançar os importantes procedimentos nacionais necessários para a aprovação da ajuda financeira do ESM", referindo-se ao Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira.
Considerando que o Parlamento da Alemanha e de outros países membros devem aprovar o resgate na semana que vem, a primeira parcela de 26 bilhões de euros poderia ser aprovada pelo ESM na próxima quarta-feira.
Desse total, 10 bilhões de euros serão reservados para recapitalizar os bancos gregos devastados pela crise econômica e a imposição de controles de capital em junho, enquanto 13 bilhões de euros chegarão a Atenas na quinta-feira para que o país possa cumprir as obrigações de pagamento da dívida.
Algumas questões ainda precisam ser resolvidas após o acordo alcançado com a Grécia na terça-feira com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.
Esses temas incluem manter o FMI envolvido na supervisão do novo programa da zona do euro e ao mesmo tempo adiar o cumprimento dos pedidos do Fundo para o alívio da dívida grega até que uma avaliação seja feita em outubro.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, que participou da reunião por telefone, disse em comunicado que o Fundo acredita que Europa tem de conceder um alívio "significativo" da dívida para complementar as reformas que Atenas está conduzindo para colocar suas finanças em um caminho sustentável.
"Continuo firmemente com a opinião de que a dívida da Grécia tornou-se insustentável e que a Grécia não pode restaurar a sustentabilidade da dívida unicamente por conta própria", disse ela.
Lagarde também deixou claro que não poderia se comprometer com o programa de resgate grego antes da aprovação pelo Conselho do FMI em outubro, disse o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, a repórteres.
Ele acrescentou que está otimista com o envolvimento do FMI, mas que isso está condicionado ao conselho ter acesso aos detalhes sobre as reformas gregas, depois de uma primeira revisão da implementação do programa e de uma avaliação sobre a sustentabilidade da dívida pública da Grécia.
Depois de debater durante a noite inteira, o Parlamento grego deu apoio ao primeiro-ministro, Alexis Tsipras, embora ele tenha tido que contar com votos da oposição depois que quase um terço dos seus próprios partidários se rebelou, forçando o premiê esquerdista a considerar um voto de confiança que poderia abrir caminho para eleições antecipadas.
(Reportagem adicional de Robert-Jan Bartunek, Tom Koerkemeier, Barbara Lewis, Alexander Saeedy, Julia Fioretti e Foo Yun Chee, em Bruxelas; de Toby Sterling, em Amsterdã; de Deepa Babington, Karolina Tagaris, Michele Kambas e George Georgiopoulos, em Atenas; e de Tim Ahmann, em Washington)