BRASÍLIA (Reuters) - O governo precisa rearticular sua base e reforçar a sustentação no Congresso, afirmou o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), acrescentando que o atual modelo está "exaurido", justamente em um momento que o Executivo precisa dos parlamentares para evitar derrotas nas chamadas "pautas-bomba", que podem impactar nas contas públicas.
Dentre os desafios que o governo enfrenta no Parlamento, está a proposta que aumenta os vencimentos de advogados públicos e delegados de polícia, procuradores estaduais e municipais. Na noite de terça-feira o governo tentou aprovar, sem sucesso, um pedido de adiamento dessa votação.
"A derrota de ontem demonstra aquilo que vem sendo alertado pelos líderes da base ao governo há muito tempo. É preciso de fato montar a base, o modelo da base exercido até aqui, ele se exauriu", disse o líder após reunião com o vice-presidente da República e articulador político do governo Michel Temer.
"É preciso montar um novo modelo de base de sustentação parlamentar. Acho que o governo passa a dimensionar aquilo que já vem sendo dito pelos líderes do Congresso há algum tempo."
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, além do Advogado-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, também participaram da reunião com Temer e lideranças da base na Câmara.
Ao mesmo tempo em que ocorria a reunião, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recentemente rompido com o governo, já falava em adiar votação da proposta de aumento para servidores da AGU, sugestão que levaria aos líderes.
"Temos compromisso de não impor despesas aos entes federados sem apresentar receitas. Eu vou tentar na reunião de líderes acordo que não envolva interferência nos entes federados", afirmou Cunha.
Sobre a derrota do governo no requerimento na terça-feira, Cunha disse que "o governo está sem base ou se tem, finge que tem e fingem que é base".
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)