Atenas, 6 dez (EFE).- O Parlamento da Grécia aprovou na madrugada deste domingo (horário local) o Orçamento Geral de 2016, o primeiro planejado pelo governo de Alexis Tsipras e que após a assinatura do terceiro resgate se centrou em impor poupança e cortes, sobretudo em matéria de previdência.
A lei seguiu adiante unicamente com os votos da coalizão governamental, formada pela esquerdista Syriza e pelos nacionalistas de direita Gregos Independentes, e contou com a rejeição de toda a oposição.
Durante discurso no Parlamento anterior ao início da votação - que aconteceu passada a meia-noite -, o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, defendeu o orçamento, porque afirmou que prioriza a justiça social e lança as bases para o retorno do crescimento.
"Inclusive dentro deste marco financeiro estreito estabelecido pelo difícil acordo ao qual chegamos em julho passado, atingimos o primeiro objetivo, a redistribuição das cargas, seguido pelo segundo que é a grande batalha da redistribuição da riqueza", afirmou Tsipras.
O premiê se referiu à negativa dos demais partidos de traçar "uma linha vermelha nacional" sobre a reforma do sistema de previdência para ter uma posição negociadora mais forte com os credores.
Tsipras tentou sem sucesso conseguir um pacto nesta questão que gera uma ampla rejeição social e que já provocou duas greves gerais contra o governo.
A Grécia se comprometeu perante seus credores a cortar entre 2015 e 2016 1% do Produto Interno Bruto (PIB) na previdência, o que se traduz em uma economia de 1,4 bilhão de euros até o próximo ano.
A reforma da previdência consiste basicamente em redução das pensões e aumento da contribuição.
Yanis Plakiotakis, líder interino do partido conservador Nova Democracia, a principal legenda da oposição, acusou Tsipras de estar "em uma bolha" e de descumprir sua promessa de acabar com os resgates.
"Tsipras começou a mudar a Europa e se tornou escravo da Europa", disse Plakiotakis.
O deputado deste partido e candidato a presidente, Vangelis Meimarakis, destacou que sua legenda não estava disposta a apoiar um orçamento que impõem aumento de impostos e cortes.
"Este orçamento é um saque da renda da população e revela o engano criado desde as eleições pela Syriza", ressaltou Meimarakis, destacando que a verba destinada às pensões vai ser cortada em mais de 400 milhões de euros.
Em 2016, o Estado pretende ter receita de 5,7 bilhões de euros adicionais através do aumento de impostos, encargos e cotações e cortes nos pagamentos sociais.
A minuta orçamentária contempla uma economia total de 2,532 bilhões de euros em diferentes custos, como por exemplo, na despesa militar e no sistema de pensões.
Ao mesmo tempo, pretende elevar a receita em 3,201 bilhões de euros através de diversas altas de impostos.
No total, o orçamento prevê uma despesa de 55,664 bilhões de euros, 83 milhões mais que em 2015, e receita de 53,091 bilhões, 436 milhões mais que no ano corrente.