Por Emmanuel Jarry e Ingrid Melander
PARIS (Reuters) - Os pilotos da companhia aérea Air France votaram a favor de uma greve nesta segunda-feira e trabalhadores de unidades de armazenamento de petróleo prorrogaram uma paralisação, agravando as preocupações do governo francês no momento em que luta para conter as greves em esquema de rodízio contra reformas da lei trabalhista às vésperas da Euro 2016.
Depois de mais de três meses de conversas tensas, manifestações de ruas às vezes violentas e ondas de greves nas indústrias de transporte e energia, o gabinete socialista sofre pressão para encontrar uma solução antes do início do Campeonato Europeu de futebol no dia 10 de junho.
Enquanto a França se prepara para greves de ferroviários em todo o país na terça-feira, pessoas envolvidas nas conversas disseram que a estratégia do governo é pressionar por acordos com empresas caso a caso, como a SNCF, estatal do setor ferroviário, para tentar conter o ímpeto por trás dos protestos.
"O governo está pressionando para haver acordos", disse uma autoridade sindical a par das negociações, pedindo anonimato devido ao sigilo das tratativas.
O semanário Le Journal du Dimanche citou uma pessoa próxima do presidente francês, François Hollande, que teria confirmado a abordagem governamental, assim como um parlamentar socialista que falou à Reuters sob condição de anonimato.
"O governo precisa disso de qualquer maneira para encontrar uma saída", afirmou outra fonte familiarizada com as conversas.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, que insiste que o governo não irá desistir da lei, conversou com líderes sindicais por telefone no sábado e lhes disse que pode estar aberto a algumas mudanças, mas não nos elementos centrais da legislação.
A ministra do Trabalho da França, Myriam El Khomri, reafirmou nesta segunda-feira que o Palácio do Eliseu irá adiante com a lei que ela elaborou –e que já foi atenuada.
Segundo ela, as negociações com o SNCF e com a operadora do metrô de Paris, RATP, a respeito das condições de trabalho representaram uma oportunidade para os sindicatos "assumirem suas responsabilidades".
As conversas com o SNCF durante o final de semana fizeram progresso, disse Luc Bérille, secretário-geral do sindicato pró-reforma UNSA, à Reuters. Guy Groux, pesquisador do instituto político Cevipof, afirmou: "Se surgirem acordos no SNCF ou no RATP, isso pode pôr fim aos protestos, ou pelo menos enfraquecê-los."