Por Andrew Osborn e Alexander Winning
MOSCOU (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, garantiu a seus compatriotas nesta quinta-feira que está tentando aliviar os sofrimentos enfrentados pela população devido à recessão econômica e a um aumento nos preços ao consumidor em consequência das desavenças do Kremlin com o Ocidente.
Putin aproveitou um evento anual transmitido pela televisão durante o qual responde a perguntas de cidadãos comuns de todo o país para adotar um tom conciliador no tocante à política externa, afirmando que a Rússia quer relações amistosas com o resto do mundo.
As primeiras perguntas ao líder russo se concentraram na economia, que encolheu 3,7 por cento no ano passado, resultado da queda do preço do petróleo agravado pelos efeitos de sanções internacionais a Moscou em consequência do conflito na Ucrânia.
"Entendo que é difícil", disse Putin em resposta a uma pergunta sobre inflação, que chegou a 12,9 por cento em 2015. Os preços subiram devido ao embargo à importação de alimentos da Europa, adotado pelo Kremlin em retaliação às sanções.
"O aumento no preço dos alimentos é um fenômeno temporário. Os preços irão se estabilizar", afirmou.
Em resposta a uma pergunta de uma mulher chamada Yekaterina, da cidade siberiana de Omsk, o mandatário disse que fundos adicionais serão contingenciados para pagar o conserto de buracos nas ruas. Ele ainda prometeu medidas para tornar os remédios mais baratos nas farmácias.
O presidente russo fez um aceno aos investidores afetados pela desaceleração econômica, dizendo que tem grande consideração pelo ex-ministro das Finanças Alexei Kudrin e que espera que este último possa dar conselhos sobre política econômica.
Os mercados veem Kudrin como um defensor de uma política econômica liberal e da prudência fiscal e temem que ele não tenha mais influência sobre Putin.
No quesito política externa, Putin não exibiu a retórica beligerante que usou em outras ocasiões.
Ele negou que a Rússia esteja cercada de adversários, disse ser a favor de uma solução pacífica e negociada para o conflito na Síria e afirmou que sua nação é amiga da Turquia, ainda que tenha diferenças com seus líderes.