Por Irene Klotz
CABO CANAVERAL, Flórida (Reuters) - A sonda espacial norte-americana Juno completou uma jornada de cinco anos até Júpiter na madrugada desta terça-feira com uma missão tudo ou nada para se lançar na órbita do maior planeta do sistema solar, onde permanecerá durante 20 meses para descobrir como e onde ele se formou.
"Chegamos lá. Estamos em órbita. Conquistamos Júpiter", disse o cientista e líder da missão Scott Bolton, do Instituto de Pesquisa Southwest de San Antonio, no Texas, a repórteres. "Agora começa a diversão".
A Juno, da Nasa, irá passar os próximos três meses se posicionando para começar a estudar o que está escondido debaixo das nuvens espessas de Júpiter e mapear os campos magnéticos colossais do planeta.
Voando em órbitas no formato de um ovo, cada uma com duração de 14 dias, a Juno também irá procurar indícios de que Júpiter tem um centro denso e medir quanta água existe em sua atmosfera, uma medida essencial para se determinar quão longe do sol o gigante gasoso se formou.
As origens de Júpiter, por sua vez, afetaram o desenvolvimento e a posição do resto dos planetas, incluindo a Terra e sua localização, fortuita mas propícia à evolução da vida.
"A pergunta que me fiz a vida inteira, e que tenho esperança de respondermos, é 'como chegamos até aqui?'. Isso é realmente fundamental para mim", disse Bolton.
A órbita de Júpiter é cinco vezes mais distante do sol do que a da Terra, mas ele pode ter surgido em outro local e migrado, trombando com planetas irmãos menores no trajeto.
A imensa gravidade jupiteriana também desvia muitos asteróides e cometas, impedindo colisões potencialmente catastróficas com a Terra e o restante do sistema solar interno.
Lançada da Flórida quase cinco anos atrás, a Juno precisou ser posicionada precisamente, ligar seu motor principal no momento exato e mantê-lo funcionando durante 35 minutos para se tornar apenas a segunda espaçonave da história a orbitar Júpiter.
Se algo tivesse saído ainda que ligeiramente errado, a Juno teria passado ao largo de Júpiter e não poderia concluir uma missão de 1 bilhão de dólares.
A manobra arriscada começou, tal como planejado, às 0h18 desta terça-feira (horário de Brasília), quando a Juno se precipitou no vácuo do espaço a mais de 257.500 km/h. A Nasa espera que a sonda esteja em posição para fazer suas primeiras imagens em close-up de Júpiter no dia 27 de agosto, mesmo dia em que seus instrumentos científicos serão ligados para uma verificação.