Por Lisandra Paraguassu e Alonso Soto
BRASÍLIA (Reuters) - A diretoria do Banco Central deverá ser substituída como parte da reforma da equipe econômica e serão adotadas reformas para reconquistar a confiança dos investidores no eventual governo de Michel Temer, disseram à Reuters três pessoas próximas ao assunto.
Wellington Moreira Franco, um dos principais conselheiros econômicos de Temer, disse à Reuters que o presidente e a diretora do BC, que formam o Comitê de Política Monetária (Copom), e as diretorias de outros bancos estatais serão substituídos, mas que os novos comandantes serão escolhidos pelo próximo ministro da Fazenda.
Em entrevista ao jornal O Globo, Temer disse que o ex-presidente do BC Henrique Meirelles seria sua escolha para a Fazenda se assumisse a Presidência hoje.
Nesta terça-feira, a comissão especial do Senado que analisará o impeachment da presidente Dilma Rousseff foi instalada, com a eleição de Raimundo Lira (PMDB-PB) para a presidência e de Antonio Anastasia (PSDB-MG) para a relatoria.
Pelos prazos definidos, o afastamento de Dilma poderá ser votado no plenário do Senado no dia 11 de maio.
"O Copom precisa ser substituído. Para reconquistar a confiança, é crucial trazermos pessoas do mercado que não estejam suscetíveis a interferência política", disse uma fonte que faz parte do círculo interno de conselheiros de Temer.
O BC, sob o comando de Alexandre Tombini desde 2011, iniciou nesta terça-feira dois dias de reunião para discutir a taxa básica de juros Selic. A expectativa é de que ela seja mantida em 14,25 por cento.
Os candidatos para liderar o BC incluem o economista-chefe do Itaú (SA:ITSA4) Ilan Goldfajn, o ex-secretário do Tesouro Carlo Kawall, os ex-diretores do BC Mario Mesquita e Luiz Fernando Figueiredo, assim como o executivo do Goldman Sachs Paulo Leme, disseram as fontes.
Mesquita, Goldfajn e Kawall recusaram-se a comentar, enquanto Figueiredo e Leme não responderam a emails da Reuters.
Temer também planeja enviar ao Congresso projetos para limitar as aposentadorias, flexibilizar o mercado de trabalho e simplificar o sistema tributário, disseram as fontes.
(Reportagem adicional de Anthony Boadle)