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Tombini atribui estouro da meta de inflação a dólar e tarifas; indica que juros podem subir

Publicado 08.01.2016, 21:56
© Reuters. Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, participa de encontro do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional em Lima

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta sexta-feira que o ajuste dos preços relativos, com avanço do dólar e forte aumento de tarifas, influenciou no estouro da meta de inflação em 2015, e reiterou que a política monetária deve manter-se vigilante para conter efeitos adicionais resultantes desses movimentos.

Com isso, a autoridade monetária reforça o discurso de que pode elevar os juros básicos para conter a inflação, trilhando um caminho que vinha pavimentando em comunicações anteriores.

"Não obstante o esforço de política monetária já realizado, vale reiterar que, nas atuais circunstâncias, a política monetária deve manter-se vigilante para conter eventuais efeitos adicionais resultantes dos dois importantes processos de ajustes e preços relativos que dominaram a economia em 2015", afirmou Tombini em carta aberta para explicar porque o BC descumpriu a meta de inflação em 2015.

"Só assim será possível ancorar as expectativas, um dos pilares do regime de metas para a inflação, e assegurar a convergência da inflação para a meta", completou.

No ano passado, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 10,67 por cento, extrapolando com folga a meta do governo de 4,5 por cento, com margem de 2 pontos para mais ou para menos. [nL1N14S0K1]

A inflação não estourava a meta desde o primeiro ano do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, quando ficou em 9,3 por cento, e não chegava a 10 por cento desde 2002.

A produção da carta, que deve ser endereçada pelo presidente do BC ao ministro da Fazenda, é uma exigência estabelecida por decreto para casos em que o IPCA extrapolar os limites da meta de inflação.

No documento, Tombini pontuou que os ajustes de preços relativos representados pela alta do dólar frente ao real e pelo aumento dos preços administrados, com destaque para as tarifas de energia, criaram importantes desafios à condução da política monetária.

"Esses ajustes de preços fizeram com que a inflação se elevasse em 2015, necessitando de determinação e perseverança para impedir sua transmissão para prazos mais longos", disse.

"Ao tempo em que reconhece que esses ajustes de preços relativos tiveram impactos diretos sobre a inflação, o Banco Central reafirma sua visão de que a política monetária pode conter os efeitos de segunda ordem deles decorrentes."

Depois de observar que a ancoragem das expectativas de inflação no ano foi "claramente interrompida" por eventos negativos relacionados à definição da política fiscal, Tombini repetiu mensagem que já vinha sendo martelada pelo BC, de que independentemente do contorno das demais políticas, a autoridade monetária adotará as medidas necessárias para assegurar que a inflação fique dentro dos limites de tolerância em 2016 e que alcance o centro da meta em 2017.

"O Banco Central tem a taxa de juros básica da economia e esse é um instrumento que vem utilizando e que utilizará quando necessário para trazer a inflação para a meta", disse Tombini em entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo, nesta sexta-feira.

O presidente do BC apontou ainda na carta que quanto mais tempestiva for a execução do ajuste fiscal em curso, mais rápida será a contribuição desse processo para a convergência do IPCA à meta.

Destacou, ainda, que o ajuste macroeconômico intensificado por eventos não econômicos contribuirá para uma dinâmica menos pressionada da inflação, auxiliando na quebra da resiliência de preços.

"Adicionalmente, em 2016, a inflação mensal mais alta, impactada pelo realinhamento de preços relativos, cederá lugar a valores que refletirão melhor o estado corrente das condições monetárias, levando a um processo desinflacionário significativo", escreveu.

"Contribuirão nesse processo de desinflação as trajetórias esperadas para os preços administrados, mais favoráveis que as verificadas em 2015, bem como a redução esperada da inflação do setor de serviços, influenciada pelos efeitos da abertura do hiato do produto e pela desaceleração do rendimento real."

PRÓXIMOS PASSOS

Ao longo de 2015, o BC já tinha sinalizado que os preços domésticos não dariam trégua em função do impacto na economia do realinhamento de preços relativos. Ao mesmo tempo em que o dólar subiu quase 50 por cento frente ao real, os preços administrados foram fortemente ajustados para cima, com destaque para o encarecimento da energia elétrica.

Sempre citando esses movimentos, o BC inicialmente projetou uma convergência da inflação para a meta apenas em 2016. A partir de outubro, contudo, jogou a toalha também em relação a este objetivo, adiando seu alcance para 2017 e pregando uma inflação dentro da banda de tolerância neste ano.

A extensão do prazo teve como pano de fundo a crescente desancoragem das expectativas do mercado para o avanço do IPCA, mesmo em meio à contração econômica e diante das incertezas fiscais e políticas no país e de um ajuste de preços relativos considerado mais demorado e intenso.

Assim como em 2015, a meta de inflação em 2016 é de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 2 pontos a mais ou a menos. Para 2017 o alvo permanece o mesmo, mas com margem mais estreita, de 1,5 ponto percentual.

No último Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em dezembro, o BC passou a ver o IPCA a 6,2 por cento em 2016, acima da leitura anterior de 5,3 por cento, mas abaixo do patamar de 6,87 por cento projetado por economistas de instituições financeiras na pesquisa Focus mais recente.[nEMNFCT0RW] [nL1N14C0KD]

De olho no avanço da inflação, o BC deve decidir o que fará com os juros na próxima reunião do Copom, em 19 e 20 de janeiro.

A expectativa reinante é de que irá subir a Selic, mantida inalterada em 14,25 por cento ao ano desde julho passado. Mas muitos temem interferência do governo nesse processo, já que um novo aperto representaria um encarecimento do crédito num momento em que o Executivo busca notícias positivas para reviver a economia.

© Reuters. Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, participa de encontro do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional em Lima

Nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, também se manifestou após a divulgação da carta de Tombini, afirmando que o controle da inflação é uma prioridade do governo e que o BC está empenhado em adotar as medidas necessárias para alcançar o centro da meta de inflação em 2017. [nE6N13402C]

(Reportagem adicional de Eduardo Simões)

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