Por Ann Saphir
SAN FRANCISCO (Reuters) - O Federal Reserve pretende manter a economia dos Estados Unidos aquecida no ano que vem para estimular o mercado de trabalho e a inflação, disse uma importante autoridade do banco central, e para alcançar esse objetivo, a elevação das taxas de juros será lenta, mas não seguirá qualquer padrão previsível.
"Cada reunião será realmente ao vivo em termos de ajustamento da política de uma forma ou de outra", disse o presidente do Fed de San Francisco, John Williams, em entrevista à Reuters, referindo-se a reuniões de definição de políticas do Fed.
As autoridades do Fed decidiram por unanimidade apoiar na quarta-feira um aumento da taxa básica de juros do banco central, elevando as taxas de praticamente zero pela primeira vez desde a crise financeira. A expectativa já era de um aumento dos juros.
Depois, as atenções se voltaram imediatamente para o momento provável da próxima decisão. Muitos economistas apostaram em março como o mês mais provável, em parte porque isso coincidiria com a próxima entrevista coletiva agendada da chair do Fed, Janet Yellen.
Novas previsões do Fed sugerem que os formuladores de políticas estão pretendendo promover quatro aumentos dos juros em 2016.
Williams, que trabalhou para Yellen quando ela esteve à frente do Fed de San Francisco antes de entregar as rédeas a ele e cujos pontos de vista são considerados alinhados estreitamente com os dela, disse que sua própria visão está em linha com essa expectativa. O Fed se reúne oito vezes por ano.
"Pode-se chegar imediatamente à conclusão de que é a cada próxima reunião", disse Williams, referindo-se ao provável cronograma dos aumentos dos juros no ano que vem. "Mas, como nós aprendemos ao longo dos últimos anos, a economia nem sempre funciona como previsto."
Em uma entrevista de 1 hora sobre vários assuntos na sede do Fed de San Francisco, Williams disse que espera que a política monetária frouxa do Fed ajude a baixar a taxa de desemprego, atualmente em 5 por cento, para cerca de 4,5 por cento até o fim do ano que vem.
Ele também considera que a inflação subirá para a meta do Fed de 2 por cento no próximo ano, conforme os efeitos de um dólar forte e a queda dos preços de energia se dissipem.
Williams não vê a necessidade de a economia continuar aquecida em 2017, dizendo: "Só preciso que esteja se desenvolvendo em um ritmo constante."
Essa segunda fase mais lenta do crescimento econômico em 2017 e 2018, disse ele, irá ocorrer enquanto o Fed aumenta gradualmente a taxa básica de juros para cerca de 3,25 por cento a 3,5 por cento, um nível que ele considera a provável taxa neutra de longo prazo.