Por Lefteris Papadimas e Jan Strupczewski
ATENAS/LUXEMBURGO (Reuters) - Os líderes da zona do euro terão uma reunião de cupúla de emergência na segunda-feira para tentar evitar que a Grécia dê calote, após os saques bancários aumentarem e a receita do governo cair, em meio ao impasse entre Atenas e seus credores internacionais sobre um acordo para a dívida grega.
Os ministros de Finanças dos 19 países da união monetária não conseguiram avançar em direção a acordo sobre reformas em troca de dinheiro durante as negociações em Luxemburgo nesta quinta-feira, apenas 12 dias antes de a Grécia ter que fazer um pagamento crucial para o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Lamentavelmente... foi feito pouco progresso. Não há nenhum acordo em vista", disse o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, em uma coletiva de imprensa. Ministros enviaram um forte sinal de que cabe à Grécia fazer novas propostas, disse ele.
O Banco Central Europeu (BCE) informou na reunião que não está claro se os bancos gregos abririam na segunda-feira, disseram autoridades.
O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) fará uma teleconferência especial na sexta-feira, a segunda em três dias, para discutir a ampliação da assistência emergencial de liquidez a bancos gregos, que estão tendo que enfrentar um rápido aumento dos saques, diseram duas fontes familiarizadas com a situação.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse em um comunicado que havia convocado chefes de Estado da zona do euro para um encontro em Bruxelas na segunda-feira para discutir a Grécia "em nível político mais alto".
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que era necessário ter mais diálogo "com adultos na sala".
A Grécia disse que apresentou uma "proposta radical" para monitoramento orçamentário para mostrar sua disposição de chegar a um acordo, segundo o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis.
Dijsselbloem disse que, se houver um acordo de última hora na próxima semana, será necessária uma extensão do atual resgate para dar tempo para o desembolso.
Os poupadores gregos sacaram cerca de 2 bilhões de euros entre segunda e quarta-feira após o colapso das negociações em Bruxelas, disseram fontes bancárias à Reuters. Isso é o dobro do valor que o BCE garantiu aos bancos gregos em assistência emergencial de liquidez (ELA, na sigla em inglês) somente na quarta-feira.
Questionado na reunião se os bancos gregos abririam na sexta-feira, o membro do Conselho Executivo do BCE Benoit Coeure disse: "Amanhã, sim. Segunda-feira, eu não sei", segundo autoridades com conhecimento das conversas.
Lagarde acabou com qualquer esperança de que o FMI poderia não declarar a Grécia em default caso o país deixe de pagar parcela de 1,6 bilhão de euros ao Fundo no fim deste mês, aumentando a pressão sobre o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, que não mostrou nenhum sinal de que irá se submeter às demandas dos credores.
Se a retirada de recursos continuar a ultrapassar a assistência emergencial de liquidez, isso poderia forçar a Grécia a impor controles de capital, a exemplo do Chipre em 2013, para limitar os saques e interromper a saída de dinheiro do país.
Os 2 bilhões de euros retirados em apenas três dias representam cerca de 1,5 por cento total de 133,6 bilhões de euros em depósitos pessoais e corporativos mantidos por bancos gregos no fim de abril.
Um porta-voz do Ministério das Finanças grego se recusou a comentar sobre a saída de recursos. Um porta-voz do governo disse na televisão na noite de quarta-feira que não havia planos para introduzir controles.
Tsipras, eleito com a promessa de acabar com a austeridade, está demandando uma troca em "nível político" na qual os credores europeus prometem alívio na dívida grega antes que ele faça novas concessões.
No entanto, a fuga de capital e a queda na receita podem forçá-lo a recuar, com o banco central grego advertindo sobre uma catástrofe caso a Grécia der calote e deixar a zona do euro.
Atenas divulgou uma queda acentuada de 24,6 por cento na receita em maio, principalmente por conta da queda no pagamento de impostos por empresas, que estão sendo muito afetadas pela volta da redação.