Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A balança comercial brasileira pode ter um superávit recorde em 2023, afirmou nesta segunda-feira a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), que projeta um resultado positivo de 71,9 bilhões de dólares mediante um menor volume de transações.
A estimativa da associação é que 2022 encerre com superávit de 62,9 bilhões de dólares. Já o saldo comercial de 2023 será uma combinação de quedas tanto nas exportações quanto nas importações, de acordo com a AEB.
O presidente da AEB, José Augusto de Castro, afirmou que a estimativa de recorde não deve ser comemorada por que representa na verdade uma diminuição do comércio exterior brasileiro.
Para ele, o resultado de 2023 será um “superávit negativo” da balança comercial nacional.
“Esse recorde de superávit não merece ser celebrado, ele vem a reboque de duas quedas, de exportações e importações“, disse Castro à Reuters.
“Isso vai acontecer por que todos os cenários indicam para uma queda da economia mundial no ano que vem. China crescendo menos, EUA e Europa elevando a taxa de juros, a guerra entre Rússia e Ucrânia gerando incerteza. Para o Brasil isso é ruim por que ainda somos muito dependentes da venda de nossas commodities, e com um cenário como esse não deve haver valorização nos preços dos produtos“, acrescentou.
Castro defendeu um aumento das exportações de manufaturados de forma a elevar o patamar da balança comercial nacional. Para isso, o Brasil precisa aumentar sua competitividade via reformas tributária e administrativa, afirmou.
“Isso é condição básica para o Brasil ter preço competitivo e exportar mais para EUA e Europa e menos commodities para a China”.