Investing.com – A BlackRock (NYSE:BLK), maior gestora de recursos do mundo, emitiu um relatório dizendo que, desde 2022, defende que é pouco provável haver cortes de juros este ano e que os sinais de desaceleração nas principais economias estão ficando cada vez mais aparentes. A empresa disse ainda que as negociações sobre o teto da dívida e a possibilidade de o Tesouro dos EUA não conseguir pagar suas contas no início de junho contribuíram para a recente volatilidade do mercado.
"É preciso priorizar ativos de qualidade nos portfólios. Atualizamos nossa posição nos títulos do governo do Reino Unido para neutra, uma vez que os rendimentos já refletem a expectativa de mais aumentos nas taxas de juros", observam os especialistas da companhia.
A BlackRock explica também que a disparada da inflação fez com que o Federal Reserve (Fed) aumentasse as taxas de juros em seu ritmo mais acelerado desde a década de 1980. “Os mercados não estão mais precificando cortes sucessivos nas taxas do Fed, o que revela sua compreensão em torno da persistência da inflação”.
Os analistas da empresa também destacam que dados recentes mostraram que a Alemanha entrou em recessão, mesmo com um choque energético menor do que se esperava.
Nos Estados Unidos, embora o Produto Interno Bruto (PIB) tenha se mantido firme, eles argumentam que, com base na renda interna bruta, que avalia o desempenho da economia com base na renda em vez dos gastos, o país entrou em recessão. Além disso, uma análise mais aprofundada revela que as ações refletem um crescimento mais fraco: o índice S&P 500 subiu quase 10% até agora no ano.
"Acreditamos que o Fed esteja mais perto de interromper os aumentos de juros e disposto a tolerar alguma inflação para evitar uma recessão profunda, que seria necessária para fazê-la convergir para a meta. No entanto, não acreditamos que o Fed vá intervir para ajudar uma economia em dificuldades com cortes nas taxas de juros ainda este ano, devido ao dilema entre inflação e crescimento", explica a BlackRock.
No que diz respeito à Europa, os analistas acreditam que o Banco Central Europeu (BCE) aumentará os juros ainda mais, ainda que isso venha a agravar a situação econômica da região. O Banco da Inglaterra está em uma posição semelhante, com os mercados já precificando até quatro aumentos adicionais nas taxas de juros. No entanto, eles consideram que isso pode ser um pouco exagerado, pois seria equivalente ao Fed aumentando as taxas para cerca de 7-7,5%, o suficiente para desencadear uma recessão grave.
“Conclusão: os mercados estão reavaliando suas expectativas em relação às taxas de juros, uma vez que a persistência da inflação deixa claro que os bancos centrais não irão cortá-las este ano, ou até mesmo continuarão aumentando-as. Portanto, voltamos nossa atenção para fontes de renda de alta qualidade no curto prazo e permanecemos cautelosos em relação a ativos de risco", concluem os analistas da BlackRock.