Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro autorizou o uso das Forças Armadas para reforçar pelos próximos quatro meses a proteção externa do presídio federal em Brasília, local onde está preso a principal liderança da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, Marco Camacho, o Marcola.
O decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) com a permissão do emprego dos militares nas imediações da penitenciária foi publicado nesta sexta-feira no Diário Oficial com a assinatura de Bolsonaro e dos ministros da Defesa, Fernando Azevedo, da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.
A presença dos militares no local, segundo o decreto, será desta sexta até o dia 6 de maio e caberá ao ministro da Defesa a "alocação dos meios disponíveis e o raio de atuação para o emprego" deles. O texto não especifica quantos vão participar da iniciativa.
O decreto prevê que o emprego da Forças Armadas será realizado em articulação com as forças de segurança pública competentes e com o apoio de agentes penitenciários do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
"A decisão atende a pedido do Ministério da Justiça e Segurança Pública e tem caráter preventivo, com o objetivo de se manter elevado nível de segurança do local onde estão isolados integrantes de organizações criminosas", afirmou nota conjunta divulgada nesta sexta pelas assessorias de comunicação social da Defesa e da Justiça.
"A ação dá continuidade a uma série de medidas preventivas que vêm sendo feitas de forma integrada pelos dois ministérios e que terão continuidade", completou.
Uma fonte com conhecimento direto do caso afirmou à Reuters, sob a condição do anonimato, que foi detectado recentemente movimentações de integrantes do PCC na capital do país com o intuito de libertar Marcola. Por isso, destacou, a decisão de empregar as Forças Armadas.
Marcola completará em março um ano no presídio federal em Brasília.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), tem criticado a presença do líder do PCC na capital do país e questionado publicamente a atuação de Sergio Moro na área de segurança pública.
Em entrevista nesta sexta em Brasília, o ministro da Justiça afirmou que, com a GLO, a intenção do governo é estar sempre na frente em relação aos criminosos. "A ideia é prevenir qualquer espécie de tentativa de um eventual resgate", disse ele, que não quis confirmar se houve um plano concreto.
Sergio Moro não quis responder diretamente o governador do DF sobre o fato de ele não estar sendo informado das ações referentes à penitenciária federal. "Há essa reclamação, a gente compreende a posição do governo, mas, como eu disse, o governo federal está se antecipando", completou.