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"Debandada" continua no Ministério da Economia, diz colunista; dólar sobe

Publicado 17.08.2020, 11:29
© Reuters.
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Atualizada às 12h27 com posicionamento do Ministério da Economia

Investing.com - O subsecretário de Política Macroeconômico Vladimir Kuhl Teles é o novo nome a pedir demissão no Ministério da Economia, segundo o colunista da revista Época Guilherme Amado. A saída vem uma semana após o pedido de demissão de Salim Mattar, Paulo Uebel e José Ziebarth da equipe do ministro Paulo Guedes.

O Ministério da Economia afirma que a saída de Teles está relacionada a um caso de doença na família.

A informação chega em meio à especulação da permanência de Guedes na equipe ministerial do presidente Jair Bolsonaro, elevando o risco fiscal já agravado pela queda da arrecadação e elevação dos gastos públicos em meio à pandemia. 

O risco se reflete no preço do dólar em relação à moeda brasileira. A moeda americana subia 0,6% a R$ 5,4530 às 11h34. A alta da moeda brasileira é maior que seus pares do exterior, como o peso mexicano (+0,24%), rand sul-africano (+0,42%), e lira turca (+0,41%), enquanto o dólar australiano caía 0,66%. O índice dólar, por sua vez, operava em queda contra seis moedas de economias desenvolvidas, com baixa de 0,29% a 92,83, menor valor desde 2018.

O Ibovespa também operava em baixa de 0,34% a 101.008 pontos, também na contramão de S&P 500 (0,33%) e Nasdaq (0,84%) em Nova York, com índice Dow Jones em baixa (-0,16%).

A demissão vem na esteira na pressão de alas do governo e, segundo relatos da imprensa, do presidente Jair Bolsonaro para que o ministro da Economia Paulo Guedes encontre uma solução para elevar os gastos em investimentos em infraestrutura e benefícios sociais. A pressão subiu após o Datafolha apontar popularidade recorde de Bolsonaro em seu mandato após diminuição de rejeição entre os setores de menor renda da população, que foram beneficiados pelo auxílio emergencial mensal de R$ 600. 

Os investidores, inclusive, começam a monitorar e precificar eventual flexibilização ou fim da emenda constitucional que instituiu o teto de gastos públicos, que prevê elevação do uso de recursos públicos apenas com a variação inflacionária do ano anterior.

O que os investidores acham sobre o futuro do teto de gastos?

A maioria dos investidores institucionais consultados em pesquisa da XP Investimentos, divulgada na última sexta-feira, avalia que o teto de gastos será ajustado de alguma forma para permitir gastos adicionais em 2021 e entende que esse cenário é compatível com deterioração nos preços dos ativos financeiros domésticos.

De acordo com a sondagem, divulgada nesta sexta-feira, dos 72 investidores ouvidos em 13 e 14 de agosto, 53% projetam que a regra do teto será alterada para incorporar novas despesas, enquanto 14% apostam que o teto será simplesmente descumprido no ano que vem. Apenas 33% esperam cumprimento da regra fiscal.

Entre os 67% dos respondentes que esperam descumprimento do teto ou alteração dele, a expectativa média é que as despesas adicionais somem 54 bilhões de reais. Os economistas, consultores e gestores de ativos consultados avaliam que a flexibilização do teto geraria depreciação cambial, queda do Ibovespa e alta dos juros futuros.

O presidente Jair Bolsonaro tem jurado obediência à regra fiscal, mas na quinta-feira reconheceu que o governo discutiu internamente a possibilidade de furar o teto, acrescentando que a intenção seria arranjar recursos para obras no Nordeste.

A sondagem da XP mostrou, ainda, que 83% dos investidores ouvidos esperam que o auxílio emergencial do governo, previsto para acabar este mês, seja estendido, mas fique limitado a 2020, enquanto 15% acham que a ajuda será estendida para o ano que vem. Pelas regras em vigor, o auxílio não afeta a regra do teto neste ano, quando vigora estado de calamidade decretado pelo Congresso.

(Com contribuição de Reuters)

 

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