Investing.com - Fiel à sua postura consistentemente pessimista desde que previu com precisão a crise financeira de 2008, o que lhe rendeu o apelido de "Dr. Doom", o economista Nouriel Roubini alertou na terça-feira que a economia global está se encaminhando para uma "tempestade tropical" que pode causar grandes danos aos mercados e ao sistema financeiro global.
Em um artigo de opinião publicado na terça-feira pelo Project Syndicate, Roubini alertou que a economia e os mercados globais ainda podem enfrentar uma turbulência significativa, já que uma desaceleração econômica se torna cada vez mais provável, pois os bancos centrais lutam para manter a inflação sob controle.
Roubini descreve quatro cenários possíveis para a economia global
"Embora um furacão violento para a economia global pareça menos provável do que há alguns meses, ainda é provável que encontremos uma tempestade tropical que possa causar danos econômicos e financeiros significativos", disse Roubini, descrevendo quatro cenários possíveis para a economia global.
O primeiro cenário, o de uma aterrissagem "suave", implica que os bancos centrais do mundo levarão a inflação de volta à meta e, assim, evitarão uma recessão.
O segundo cenário, o de uma aterrissagem "bastante suave", prevê que os bancos centrais atingirão suas metas de inflação, mas arrastarão suas economias para uma recessão leve e de curta duração.
O terceiro cenário de Roubini, o de uma "aterrissagem brusca", prevê que os bancos centrais não conseguirão trazer a inflação de volta às suas metas sem criar uma recessão mais profunda. Nesse caso, Roubini prevê que as taxas de juros mais altas acabarão por levar a economia global à recessão e correrão o risco de causar caos nos mercados de dívida, que ficarão sob pressão com o aumento dos custos dos empréstimos.
Por fim, o pior cenário do economista prevê uma crise estagflacionária na qual os bancos centrais abandonam sua meta de inflação para preservar a estabilidade financeira.
De qualquer forma, as ações despencarão, adverte o economista
Por enquanto, Roubini acredita que o segundo cenário, de uma recessão curta e superficial, é o mais provável, uma vez que alguns dos fatores adversos do início do ano recuaram.
Entretanto, ele também alertou que "mesmo uma recessão curta e superficial - e muito menos um pouso forçado - levaria a quedas significativas nas ações dos EUA e do mundo todo".
De fato, ele explicou que "se os bancos centrais fizessem vista grossa, o aumento resultante nas expectativas de inflação elevaria os rendimentos dos títulos de longo prazo e, em última análise, prejudicaria os preços das ações, devido ao fator de desconto mais alto que se aplicaria aos dividendos".