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Haddad diz que economia do 2º semestre depende do Congresso e BC deve entender "recado" da Fazenda

Publicado 02.09.2023, 18:45
Atualizado 02.09.2023, 18:50
© Reuters. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista coletiva em Brasília
31/08/2023 REUTERS/Adriano Machado

SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse neste sábado que o desempenho da economia brasileira no segundo semestre dependerá da aprovação de medidas enviadas pelo governo ao Congresso Nacional e afirmou que o Banco Central deve entender o "recado" que o Ministério da Fazenda está enviando e reduzir as taxas de juros.

Durante o Expert XP, evento realizado pela XP Investimentos (BVMF:XPBR31), o ministro reconheceu a uma plateia de investidores que a meta de zerar o déficit primário no ano que vem é "ambiciosa", mas afirmou que ela é "propositalmente ambiciosa".

"O Congresso tem papel chave neste segundo semestre. A bola está com o Congresso, como esteve no começo do ano. Eles entregaram e estamos colhendo os frutos", disse o ministro, referindo-se a dados econômicos favoráveis divulgados esta semana, como a alta de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, que superou as expectativas de economistas.

"Se os resultados legislativos vierem no sentido correto, vamos ter um segundo semestre alvissareiro... O primeiro semestre eu daria nota 9,5. Pode ser 10 no segundo", afirmou, pontuando que a equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu aprovada pelo Legislativo a maioria das propostas que enviou, com exceção da reforma tributária, que passou na Câmara dos Deputados e agora tramita no Senado.

Entre as medidas que o governo enviou ao Congresso e que são enfaticamente defendidas por Haddad, estão aquelas que o ministro classifica como de recomposição da base tributária brasileira.

Segundo ele, o país tem um gasto tributário de 10% do PIB e o governo precisa de 1% deste montante para ajustar as contas públicas.

O ministro foi indagado se a retirada de benefícios, mesmo que eventualmente injustos, não poderia levar a um freio no crescimento econômico, já que empresas que não pagam ou pagam menos impostos passariam a pagar. Ele respondeu que isso não ocorrerá, já que uma melhoria do quadro fiscal levaria a uma queda na taxa de juros.

© Reuters. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista coletiva em Brasília
31/08/2023 REUTERS/Adriano Machado

"Se nós estivermos contratando por meio dessas medidas uma curva de juros mais baixa, as empresas não vão nem sentir", afirmou, ao mesmo tempo que reiterou a necessidade de as políticas fiscais e monetária, esta última de responsabilidade do Banco Central, caminharem em harmonia.

"Se a autoridade monetária entender o recado que a Fazenda está dando, nós vamos convergir", disse ele, que acrescentou que o governo busca sinalizar para resultados fiscais consistentes, na expectativa de que o BC atue no mesmo sentido.

 

(Reportagem de Eduardo Simões)

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