Por Rania El Gamal e Ahmed Rasheed e Alex Lawler
DUBAI/BAGDÁ/LONDRES (Reuters) - Os Emirados Árabes Unidos e o Kuweit, produtores de petróleo do Golfo Pérsico membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), bem como o Iraque, estão debatendo se devem estender para 2021 os cortes de produção já existentes, uma vez que têm enfrentado dificuldades para cumprir com as reduções acertadas em pacto do grupo, disseram fontes da Opep e do setor.
A hesitação dos países eleva a possibilidade de revisão das metas de bombeamento quando a Opep se reunir, em novembro, para decidir sua política de produção, e também pode criar novas tensões na chamada Opep+, grupo que inclui ainda países aliados, dificultando os esforços para reequilibrar o mercado em meio à fraca demanda global.
Os Emirados Árabes e o Kuweit tradicionalmente apoiam a posição da Arábia Saudita, mas ambas as nações estão se sentindo pressionadas pelas políticas restritivas em 2021, pois acreditam que os volumes dos cortes de produção que deveriam promover são grandes demais para se sustentar, segundo as fontes.
A Arábia Saudita, na prática líder da Opep, e a Rússia --que não faz parte da organização-- são a favor de manter no ano que vem os cortes atuais de produção de petróleo, de cerca de 7,7 milhões de barris por dia (bpd), ao invés de flexibilizá-los em 2 milhões de bpd a partir de janeiro, como o pacto em vigor sugere, disseram fontes da Opep.
"Os países estão sendo sufocados por esses cortes, é muito difícil continuar com eles também no próximo ano", disse uma fonte da organização.
Os Emirados Árabes Unidos consideram difícil manter o fardo das grandes reduções de oferta por causa de acordos com petroleiras internacionais e porque o nível base utilizado para os cortes é muito baixo em relação à capacidade de produção do país, de acordo com fontes da Opep e da indústria com conhecimento do assunto.
Outras fontes disseram que Emirados Árabes e Kuweit argumentaram em negociações recentes da Opep+ que não estão preocupados com uma retomada sustentada na produção da Líbia no curto prazo, algo que tornará mais fácil a elevação de bombeamento por outros membros da Opep, conforme planejado.
Segundo dados da Opep, os Emirados Árabes estão reduzindo sua produção potencial em cerca de 33%, enquanto o Kuweit corta cerca de 26% de sua capacidade produtiva.
O Iraque, segundo maior produtor da Opep, que tem a tarefa de reduzir sua produção em 850 mil bpd, também falou recentemente sobre a possibilidade de ficar isento das restrições no próximo ano.
"Todos membros da Opep precisam entender a situação crítica do Iraque...quando forem discutir um novo acordo para prorrogação dos cortes", disse um representante do país que participa de reuniões da Opep, ao citar a crise financeira do país e riscos de colapso da economia.