RIO DE JANEIRO (Reuters) - A retomada da economia brasileira após o impacto provocado pelo coronavírus será por meio da aceleração de reformas estruturantes e da redução de encargos trabalhistas, afirmou neste sábado o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante uma videoconferência com empresários do varejo.
Para Guedes, as reformas necessárias para o desenvolvimento da economia ficaram em um segundo plano devido à emergência de saúde, mas o ministro frisou que elas precisam ser retomadas assim que possível para que o país possa deixar para trás os problemas econômicos decorrentes da pandemia.
"Vamos completar esse ciclo, vamos atravessar essa onda, e voltaremos com as reformas", afirmou Guedes durante a videoconferência, que foi transmitida pela internet.
"Nossa saída, lá na frente, vai passar por redução de impostos, principalmente os mais disfuncionais. A retomada virá por aí, criar emprego tem que ser fácil, barato e estimulante."
O ministro destacou que, antes da pandemia do coronavírus, "o Brasil já estava decolando" e que a continuidade das reformas será necessária para destravar investimentos no país.
"Nos próximos meses, nós vamos estar destravando os investimentos no Brasil... a retomada será com investimentos em saneamento, investimento em cabotagem, infraestrutura, em educação e saúde e, principalmente, geração de emprego derrubando encargos trabalhistas, que são armas de destruição em massa dos empregos", afirmou.
Dados recentemente divulgados por analistas de bancos apontaram que a economia do país já sente os efeitos das medidas de isolamento social empregadas para evitar a proliferação do novo coronavírus no país. [nL1N2BR1UA]
Por agora, o governo federal tem anunciado medidas de injeção de recursos na economia, para combater efeitos no curto prazo.
Na sexta-feira, Guedes disse que os programas para combate ao coronavírus devem chegar a 1 trilhão de reais nas próximas semanas ou meses, pontuando que o déficit primário já está em 6% do Produto Interno Bruto (PIB).
O ministro voltou a afirmar neste sábado que o governo vai ajudar quem tiver dificuldades, rolando dívida, suplementando salários, duplicando ou triplicando o programa Bolsa Família, mas pediu aos empresários que eles mantenham a economia respirando.
"Vai ter dinheiro para todo mundo, mas vamos manter a economia respirando, não vamos asfixiar a economia, não vamos matar a economia, se não a tragédia será muito pior", afirmou.
Entre as sugestões recebidas pelos representantes do setor de comércio e varejo, Guedes observou que a antecipação de feriados do ano já foi aprovada.
(Por Marta Nogueira)