Por David Morgan, Susan Cornwell, Richard Cowan e Patricia Zengerle
WASHINGTON, 5 Fev (Reuters) - O presidente norte-americano, Donald Trump, foi absolvido nesta quarta-feira no julgamento de impeachment no Senado dos Estados Unidos, onde foi salvo por republicanos que se uniram para protegê-lo nove meses antes que ele peça aos eleitores em um país profundamente dividido que lhe deem um segundo mandato na Casa Branca.
O empresário que virou político, de 73 anos, sobreviveu ao que foi apenas o terceiro julgamento de impeachment presidencial na história dos EUA --assim como os outros dois presidentes que sofreram processo de impeachment-- no capítulo mais sombrio de seu turbulento mandato. Trump mergulha agora em uma temporada eleitoral que promete polarizar ainda mais o país.
Trump foi absolvido em dois artigos de impeachment aprovados pela Câmara dos Deputados, controlada pelos democratas, em 18 de dezembro. A votação no Senado ficou muito aquém da maioria de dois terços exigida na Casa, com 100 cadeiras, para removê-lo do cargo, sob o Constituição dos EUA.
Por 52 votos a 48, o Senado absolveu o presidente da acusação de abuso de poder decorrente de seu pedido para que a Ucrânia investigasse o rival político Joe Biden, que busca ser o candidato democrata a enfrentar Trump nas eleições de 3 de novembro. O senador republicano Mitt Romney juntou-se aos democratas na votação para condená-lo. Nenhum democrata votou pela absolvição.
O Senado, então, votou por 53 a 47 para absolvê-lo de obstrução do Congresso ao bloquear testemunhas e documentos solicitados pela Câmara. Uma condenação em ambos os casos teria elevado o vice-presidente Mike Pence, outro republicano, à Presidência. Romney se juntou ao restante dos senadores republicanos na votação para absolver o presidente da acusação de obstrução. Nenhum democrata votou pela absolvição.
"Hoje, a tentativa fraudulenta de impeachment inventada pelos democratas terminou com a total justificação e exoneração do presidente Donald J. Trump. Como dissemos o tempo todo, ele não é culpado", disse a assessoria de imprensa da Casa Branca em comunicado.
JULGAMENTO RÁPIDO
Em cada uma das duas acusações, os senadores votaram um a um no plenário do Senado, sob o comando do presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos, John Roberts.
O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, e outros republicanos planejaram um julgamento reduzido, sem testemunhas ou novas provas. Os democratas consideraram o julgamento uma farsa e um acobertamento. Trump chamou o impeachment de tentativa de golpe e tentativa democrata de anular sua vitória nas eleições de 2016.
Durante todo o drama do impeachment, Trump e seus aliados republicanos continuaram os ataques à integridade de Biden. Resta ver a extensão do dano político que isso causou.
Na primeira das disputas estaduais para determinar o candidato democrata que enfrentará Trump, Biden ficou em um decepcionante quarto lugar em Iowa, de acordo com resultados parciais da votação de segunda-feira. Biden acusou Trump de proferir "mentiras, difamações e distorções".