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Toyota concorda com o maior aumento salarial em 25 anos e abre caminho para BC do Japão

Publicado 13.03.2024, 09:46
© Reuters. Fábrica da Toyota Motor em Toyota, prefeitura de Aichi, no Japão
11/04/2019
REUTERS/Joe White/File Photo
USD/JPY
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Por Tetsushi Kajimoto e Anton Bridge

TÓQUIO (Reuters) - A Toyota Motor concordou nesta na quarta-feira em conceder aos trabalhadores das fábricas o maior aumento salarial em 25 anos, elevando as expectativas de que grandes reajustes salariais darão ao banco central do país margem de manobra para fazer uma mudança importante na sua política monetária.

Toyota, Panasonic, Nippon Steel e Nissan estavam entre alguns dos maiores grupos do Japão que concordaram em atender plenamente às demandas sindicais por aumentos salariais nas negociações anuais que terminaram nesta quarta-feira.

As conversas estão sendo acompanhadas de perto este ano, uma vez que se espera que os aumentos salariais ajudem a abrir caminho para o banco central pôr fim à sua política de anos de taxas de juro negativas já na próxima semana.

A Toyota, maior fabricante de automóveis do mundo e tradicionalmente líder das negociações anuais, disse que concordou com as exigências de aumentos salariais mensais de até 28.440 ienes (193 dólares) e pagamentos recordes de bônus. Mantendo a prática anterior, a empresa não forneceu um valor percentual para o aumento salarial.

“Estamos vendo um forte impulso para aumentos salariais”, disse o principal porta-voz do governo e secretário-chefe de gabinete do Japão, Yoshimasa Hayashi, aos repórteres. “É importante que o forte impulso do aumento salarial se espalhe para as pequenas e médias empresas.”

O Banco do Japão também está observando atentamente os resultados como um dado essencial para decidir quando acabar com as taxas negativas, em vigor desde 2016.

O BC japonês, que manteve estímulos expressivos e taxas ultrabaixas durante mais anos do que outros países desenvolvidos, numa tentativa de reanimar a economia, realiza a sua próxima reunião sobre os juros nos dias 18 e 19 de março.

"O resultado da negociação salarial anual deste ano é fundamental" para decidir o momento de uma saída do estímulo expressivo, disse o presidente da autoridade monetária, Kazuo Ueda, ao Parlamento nesta quarta-feira.

Os trabalhadores das principais empresas pediram aumentos anuais de 5,85%, de acordo com o maior grupo sindical do Japão, Rengo, que, se confirmado, ultrapassaria o nível de 5% pela primeira vez em 31 anos.

EFEITO CASCATA

Em outro sinal positivo, a Associação Japonesa de Trabalhadores de Metal, Máquinas e Manufatura (JAM), um sindicato que representa os trabalhadores de pequenas indústrias, disse que os aumentos salariais garantidos aos integrantes superaram as expectativas e houve uma mudança na mentalidade dos trabalhadores.

"Os japoneses estão finalmente começando a perceber que a diferença entre os salários dentro e fora do país está aumentando significativamente", disse o presidente da JAM, Katahiro Yasukochi, a repórteres.

As pequenas empresas empregam sete em cada 10 trabalhadores no Japão, mas têm encontrado dificuldade para oferecer aumentos salariais consideráveis ​​porque têm menos poder para transferir os custos para os clientes.

Akihiro Kaneko, presidente do Conselho Japonês de Sindicatos dos Metalúrgicos, ecoou o sentimento de Yasukochi, dizendo estar esperançoso de que os resultados deste ano possam levar a um ciclo virtuoso de salários mais altos e inflação.

As principais empresas, como a Toyota, estão sob pressão do governo para facilitar aumentos salariais em sua cadeia, para que os salários reais, que são ajustados à inflação, possam reverter uma sequência de 22 meses de quedas consecutivas.

© Reuters. Fábrica da Toyota Motor em Toyota, prefeitura de Aichi, no Japão
11/04/2019
REUTERS/Joe White/File Photo

"Esperamos que nossos resultados possam se espalhar por todos os nossos fornecedores", disse o diretor de recursos humanos da Toyota, Takanori Azuma, aos repórteres.

"Precisamos continuar pedindo aos fornecedores de primeiro nível que repassem isso aos fornecedores de segundo nível e assim por diante", disse ele, acrescentando que, em última análise, as decisões salariais cabiam a cada empresa individualmente.

(Reportagem de Tetsushi Kajimoto, Daniel Leussink, Maki Shiraki, Sam Nussey, Anton Bridge, Satoshi Sugiyama e Leika Kihara)

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