Rio de Janeiro, 21 out (EFE).- Os países da América Latina
precisam de mais financiamento para realizar projetos de adaptação
de suas economias na luta contra a mudança climática, disseram hoje
líderes regionais, após um seminário no Rio de Janeiro que terminou
na terça-feira.
"Todos os países asseguraram a necessidade de conseguir mais
recursos para (projetos de) adaptação na área de energia,
agricultura ou saúde", explicou, em um café da manhã com a imprensa
o diretor de mudanças climáticas do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), Juan Pablo Bonilla, sobre a reunião de dois
dias.
O encontro, organizado pelo BID e pelo Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (Pnud), reuniu cerca de 60 representantes
governamentais de 18 países latino-americanos no Rio de Janeiro.
Bonilla detalhou que a maioria dos países da região tem matrizes
energéticas limpas, mas alguns deles querem diversificá-las para
fontes tradicionais por falta de recursos para projetos hidrológicos
ou outras energias alternativas.
"Ministros de três ou quatro países disseram que queriam
desenvolver energia eólica, mas que não podiam, porque é caro e
carecem de financiamento", afirmou o representante do BID.
No entanto, Bonilla destacou que foram alcançados avanços muito
importantes na abordagem das questões ambientais, já que, pela
primeira vez no seminário, "ouvimos ministros das Finanças falando
sobre mudança climática".
Isto mostra, segundo ele, que a região está passando da
determinação de projetos concretos e limitados para a elaboração de
programas mais amplos para a redução de emissões dos gases que
agravam o efeito estufa.
A diretora de Meio Ambiente e Energia do Pnud, Veerle Vandeweerd,
disse que, nos debates, foram apresentadas iniciativas "inovadoras"
procedentes de Governos como o brasileiro e de alguns dos grandes
bancos de desenvolvimento nacionais e privados.
Segundo ela, foi provado que existe um compromisso na região para
mudar as economias, algo que seria "inimaginável" há dois anos, mas
alertou que mudanças rápidas são necessárias para que o problema
seja abordado de forma global, pois "os pobres são os mais afetados
pela mudança climática".
A diretora do Pnud disse que ficaria feliz se na Conferência das
Nações Unidas sobre o Clima, que será realizada em Copenhague em
dezembro, for alcançado um acordo para criar mecanismos para
destinar US$ 10 bilhões para a luta contra a mudança climática, o
que seria "apenas o início". EFE