Cidade do Vaticano, 15 fev (EFE).- O alemão Ernest von Freyberg, de 58 anos, foi nomeado presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como o Banco do Vaticano, informou o porta-voz vaticano, Federico Lombardi.
Von Freyberg substitui o italiano Ettore Gotti Tedeschi, que foi destituído em 24 de maio de 2012 pelo Conselho de Supervisão dessa entidade.
Von Freyberg foi nomeado pela Comissão Cardinalícia que vigia o funcionamento do IOR e o papa Bento XVI deu seu consentimento, precisou Lombardi.
A Comissão Cardinalícia mantém em seus postos os quatro membros do Conselho de Supervisão do IOR, o alemão Ronald Hermann Schmitz, que até agora exercia o papel de presidente interino; o espanhol Manuel Soto Serrano, o americano Carl Albert Anderson e o italiano Antonio María Marocco.
Em 24 de maio de 2012, um dia antes da explosão total do escândalo "Vatileaks", do vazamento de documentos privados do papa e a detenção de seu mordomo, Paolo Gabriele, o Conselho Supervisor do IOR destituiu, mediante um duro comunicado, o presidente da entidade, o economista italiano Ettore Gotti Tedeschi.
Tedeschi, de 67 anos, presidente do Santander Consumer Bank, filial italiana do Banco de Santander, tinha sido nomeado titular do Banco do Vaticano em 23 de setembro de 2009.
O Conselho Supervisor aprovou por unanimidade uma moção de censura e o destituiu "por não ter desenvolvido funções de primeira importância para seu cargo" e por estar "preocupado" com sua gestão.
Desde muito tempo, segundo informou o Vaticano, o Conselho Supervisor do IOR estava "preocupado" com o governo do banco.
"Com a passagem do tempo, esse governo suscitou uma progressiva preocupação e apesar das repetidas comunicações feitas nesse sentido ao professor Tedeschi, a situação continuou deteriorando-se", disse o Vaticano em uma nota.
Em 2 de junho de 2012, a Comissão Cardinalícia ratificou a cessação.
Tedeschi está sendo investigado pela Procuradoria de Roma há dois anos por suposta violação das normas sobre a prevenção da lavagem de dinheiro.
O IOR, com sede na Cidade do Vaticano, foi fundado por Pio XII em 1942, e tem personalidade jurídica própria. Nele trabalham 112 pessoas.
A "Comissão de Cardeais", presidida pelo cardeal secretário, atualmente Tarcisio Bertone, governa IOR e a essa comissão responde o Conselho Supervisor, formado por cinco personalidades, o presidente - a partir de agora - Freyberg, Ronald Hermann Schmitz, Manuel Soto Serrano, Carl Albert Anderson e Antonio María Marocco.
O IOR se viu abalado no princípio da década de 80 pelo escândalo da quebra do Banco Ambrosiano de Roberto Calvi, achado enforcado sob uma ponte de Londres em 1982.
A quebra originou a falência de 30 empresas, e embora o Vaticano sempre rejeitou qualquer responsabilidade, admitiu seu "envolvimento moral" e pagou US$ 241 milhões na época aos credores da entidade.
O IOR foi reformado em 1989 pelo papa João Paulo II, e em 30 de dezembro de 2010, Bento XVI aprovou uma lei para lutar contra a lavagem de dinheiro na instituições financeiras do Vaticano, com o objetivo de entrar na chamada "lista branca" de Estados que respeitam as normas para a luta contra a lavagem de dinheiro. EFE