Santiago do Chile/Copiapó, 15 out (EFE).- A alta médica em massa
dos mineradores que estiveram soterrados em uma mina no norte do
Chile durante 70 dias fecha mais um capítulo dos 33 homens de
Atacama, após o espetacular resgate desta semana.
"Dos 33 mineradores resgatados, 31 já receberam alta", precisou a
diretora do Hospital de Copiapó, Paola Neumann, sem especificar se
nesse número estavam incluídos os trabalhadores que deixaram o local
na quinta-feira à noite.
Na oportunidade, receberam alta o boliviano Carlos Mamani e os
chilenos Edison Peña e Juan Illanes.
Paola explicou aos jornalistas que a saída "silenciosa" dos
trabalhadores foi coordenada entre a Polícia e a direção do hospital
a fim de protegê-los do assédio da mídia.
"Não serão dados nomes", precisou a médica, além de acrescentar
que os outros dois mineradores, Víctor Zamora e Mario Sepúlveda
foram transferidos para a Associação Chilena de Segurança.
Zamora ficará em observação depois de se submeter a uma operação
dentária na qual foi utilizada anestesia geral, enquanto Sepúlveda,
o segundo a sair da mina, seguirá em observação psicológica.
O vice-diretor médico do Hospital de Copiapó, Jorge Montes,
explicou que Mario Sepúlveda foi avaliado minuciosamente pela equipe
de saúde mental do hospital.
Sepúlveda, que era o "animador" nos vídeos que os soterrados
gravavam, ficou muito excitado ao sair da cápsula de evacuação, e
presenteou com pedras do fundo da mina autoridades e resgatistas.
Também, como um chefe de torcida, deu gritos emblemáticos dos
torcedores de futebol, brincou e, após a primeira revisão médica,
foi o primeiro resgatado a fazer declarações assinalando seu desejo
de ser tratado como "um trabalhador".
O operário fazia alusão ao tremendo assédio da imprensa e ao fato
de que, logo após saírem da mina, se tornaram heróis que devem fugir
das centenas de jornalistas que foram até o Chile de todos os cantos
do mundo.
Enquanto recebem milionárias ofertas de canais de televisão e
jornais de todo o mundo para contarem sua história, os 33 só pensam
em descansar e recuperar o tempo perdido junto a seus entes
queridos.
Embora tenham feito um pacto para não conceder entrevistas em,
pelo menos, cinco dias, os jornalistas já começaram a se alimentar
dos primeiros relatos sobre as péssimas condições nas quais passaram
os primeiros dias.
Um dos primeiros problemas que os mineradores precisaram superar
na profundidades da terra foi uma forte discussão gerada nos
primeiros dias entre os trabalhadores da usina e os operários
contratados por Luis Urzúa, o mais experiente, e que acabou atuando
como líder.
O ministro de Mineração, Laurence Golborne, pediu comedimento
aos meios de comunicação no tratamento aos trabalhadores resgatados.
"É lamentável", disse o ministro, o grande responsável pelo
bem-sucedido resgate dos 33 mineradores.
Nesta linha, a governadora, Ximena Matas, informou hoje aos
jornalistas que solicitou à polícia um maior resguardo nas
residências dos trabalhadores resgatados.
Na noite de quinta-feira houve um incidente entre parentes do
operário Claudio Yañés, que terminou com o apedrejamento do imóvel
do minerador. EFE