Pilar Valero.
Nações Unidas, 20 set (EFE).- A América Latina pediu hoje na ONU
uma democratização das economias dos países ricos para incorporar o
desenvolvimento a milhões de pessoas que vivem na pobreza.
"O acesso aos mercados internacionais é tão importante como a
ajuda oficial ao desenvolvimento", afirmou o presidente de Honduras,
Porfirio Lobo, primeiro orador latino-americano na Cúpula convocada
pela Organização das Nações Unidas de 20 a 23 de setembro para
acelerar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
O contexto de crise econômica global faz muitos países temerem
que sejam adiadas as ajudas financeiras básicas para tirar da
pobreza extrema milhões de pessoas antes de 2015, uma das principais
metas dos ODM.
O cumprimento dos compromissos adotados há dez anos pela
comunidade internacional requer "atuar com maior energia e acelerar
o passo", apontou Lobo.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou ao inaugurar a
Cúpula que os ODM são "realizáveis", mas requerem "mais vontade
política" para apoiar aos mais vulneráveis apesar da crise.
A ONU estimou que será necessária uma contribuição adicional de
US$ 100 milhões em cinco anos para conseguir oito ambiciosos ODM.
O presidente boliviano, Evo Morales, foi um dos mais críticos ao
ressaltar que os modelos econômicos atuais são responsáveis pela
pobreza e propôs romper com a dependência do Fundo Monetário
Internacional criando uma instituição financeira do sul para os
países em desenvolvimento que não imponha condições e ajustes
estruturais.
"O objetivo de destinar 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) das
economias ricas à ajuda ao desenvolvimento é o pagamento de uma
dívida com o sul", afirmou.
Entre as propostas apresentadas hoje, o presidente da Espanha,
José Luis Rodríguez Zapatero, advogou por uma taxa sobre as
transações financeiras internacionais e se comprometeu a defender a
medida em reuniões como as da União Europeia e do G20 (países mais
ricos e principais emergentes).
Na mesma linha, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse
que tentará acelerar esse novo imposto destinado ao desenvolvimento
durante os eventos do G20 e do G8.
O presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick, advertiu que é
necessário conectar os diversos objetivos para ganhar eficácia, pois
"não adianta construir hospitais se não há estradas para que as mães
cheguem até lá e também não é suficiente fornecer livros de texto se
as crianças não podem fazer os deveres na escuridão da noite em
casa".
A diretora-executiva da Unicef Espanha, Paloma Escudero, disse à
Agência Efe que a cúpula significará um "impulso político" para
reforçar os compromissos adquiridos pela comunidade internacional e
assegurar a maior eficácia dos programas.
O presidente da Guatemala, Álvaro Colom, destacou o crescimento
de seu país nos últimos 15 anos, graças aos programas de ajuda ao
desenvolvimento e pediu que, apesar do contexto de crise global, não
sejam reduzidos os compromissos de ajuda.
A vice-ministra de Exteriores colombiana, Patricia Londoño,
insistiu que os ODM são parte essencial das políticas sociais de seu
país e que servirão "para transformar a vida de milhões de pessoas".
A presença de líderes de todo o mundo em Nova York originou a
adoção de enormes medidas de segurança nos arredores da sede da ONU
e o fechamento do trânsito de pessoas e veículos por várias ruas de
Manhattan.
A reunião precede o debate anual da Assembleia Geral da ONU, de
23 a 30 de setembro, na qual chefes de Estado, presidentes e
chanceleres de 192 países dialogarão sobre temas da atualidade
internacional. EFE