América Latina pede democratização das economias de países ricos

Publicado 20.09.2010, 21:52

Pilar Valero.

Nações Unidas, 20 set (EFE).- A América Latina pediu hoje na ONU uma democratização das economias dos países ricos para incorporar o desenvolvimento a milhões de pessoas que vivem na pobreza.

"O acesso aos mercados internacionais é tão importante como a ajuda oficial ao desenvolvimento", afirmou o presidente de Honduras, Porfirio Lobo, primeiro orador latino-americano na Cúpula convocada pela Organização das Nações Unidas de 20 a 23 de setembro para acelerar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

O contexto de crise econômica global faz muitos países temerem que sejam adiadas as ajudas financeiras básicas para tirar da pobreza extrema milhões de pessoas antes de 2015, uma das principais metas dos ODM.

O cumprimento dos compromissos adotados há dez anos pela comunidade internacional requer "atuar com maior energia e acelerar o passo", apontou Lobo.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou ao inaugurar a Cúpula que os ODM são "realizáveis", mas requerem "mais vontade política" para apoiar aos mais vulneráveis apesar da crise.

A ONU estimou que será necessária uma contribuição adicional de US$ 100 milhões em cinco anos para conseguir oito ambiciosos ODM.

O presidente boliviano, Evo Morales, foi um dos mais críticos ao ressaltar que os modelos econômicos atuais são responsáveis pela pobreza e propôs romper com a dependência do Fundo Monetário Internacional criando uma instituição financeira do sul para os países em desenvolvimento que não imponha condições e ajustes estruturais.

"O objetivo de destinar 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) das economias ricas à ajuda ao desenvolvimento é o pagamento de uma dívida com o sul", afirmou.

Entre as propostas apresentadas hoje, o presidente da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, advogou por uma taxa sobre as transações financeiras internacionais e se comprometeu a defender a medida em reuniões como as da União Europeia e do G20 (países mais ricos e principais emergentes).

Na mesma linha, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que tentará acelerar esse novo imposto destinado ao desenvolvimento durante os eventos do G20 e do G8.

O presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick, advertiu que é necessário conectar os diversos objetivos para ganhar eficácia, pois "não adianta construir hospitais se não há estradas para que as mães cheguem até lá e também não é suficiente fornecer livros de texto se as crianças não podem fazer os deveres na escuridão da noite em casa".

A diretora-executiva da Unicef Espanha, Paloma Escudero, disse à Agência Efe que a cúpula significará um "impulso político" para reforçar os compromissos adquiridos pela comunidade internacional e assegurar a maior eficácia dos programas.

O presidente da Guatemala, Álvaro Colom, destacou o crescimento de seu país nos últimos 15 anos, graças aos programas de ajuda ao desenvolvimento e pediu que, apesar do contexto de crise global, não sejam reduzidos os compromissos de ajuda.

A vice-ministra de Exteriores colombiana, Patricia Londoño, insistiu que os ODM são parte essencial das políticas sociais de seu país e que servirão "para transformar a vida de milhões de pessoas".

A presença de líderes de todo o mundo em Nova York originou a adoção de enormes medidas de segurança nos arredores da sede da ONU e o fechamento do trânsito de pessoas e veículos por várias ruas de Manhattan.

A reunião precede o debate anual da Assembleia Geral da ONU, de 23 a 30 de setembro, na qual chefes de Estado, presidentes e chanceleres de 192 países dialogarão sobre temas da atualidade internacional. EFE

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