FRANKFURT/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A empresa alemã de engenharia e serviços Bilfinger reconheceu nesta quinta-feira que pode ter pago até 1 milhão de euros em subornos para ganhar contratos no Brasil relacionados à Copa do Mundo de 2014.
A Bilfinger informou no domingo que estava investigando se funcionários de uma subsidiária no Brasil subornaram autoridades públicas no país em contratos para equipar centros de segurança em diversas grandes cidades brasileiras para o Mundial.
Em nota nesta quinta-feira, a empresa afirmou: "Após investigar todas as operações contábeis dos últimos anos, informações atuais indicam a existência de pagamentos potencialmente impróprios de até 1 milhão de euros no total".
Um porta-voz da empresa disse que a investigação englobou transações de até oito anos atrás.
A companhia informou ainda que está cooperando de perto com autoridades brasileiras e vai fornecer à Controladoria-Geral da União (CGU) os resultados de suas investigações.
Também em nota nesta quinta, a CGU disse ter recebido da companhia alemã uma "sinalização" de que a empresa pretende colaborar com as investigações, com a ressalva de que "ainda não houve nenhuma formalização neste sentido".
O comunicado diz ainda que o ministro da CGU, Valdir Simão, determinou na segunda-feira um aprofundamento da análise dos contratos com a Bilfinger e que a Controladoria fará a apuração sobre eventuais pagamentos ilícitos em contratos relacionados com a Copa do Mundo.
No Rio de Janeiro, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que ainda não está claro quais contratos fechados com a empresa alemã teriam envolvido o pagamento de propina.
"Não se diz claramente em que contrato e nomes que receberam propina. Há um contrato da Secretaria de Grande Eventos do Ministério da Justiça que contratou essa empresa para implantação do centro de comando e controle. Nós constatamos que foram celebrados 15 outros contratos por orgãos estaduais, municipais e federais", disse o ministro.
"Se há alguma irregularidade de servidor do MJ, ele será punido de forma implacável após investigação criteriosa", garantiu.
A Bilfinger contratou as auditorias Ernst & Young e Deloitte e um escritório de direito no Brasil para ajudar na investigação, segundo a empresa.
O Ministério da Justiça determinou no domingo a instauração de análise interna "imediata" de licitações envolvendo subsidiária da empresa alemã no Brasil.
(Reportagem de Georgina Prodhan e Rodrigo Viga Gaier)