Por Yves Herman e Christian Levaux
WATERLOO, Bélgica (Reuters) - Descendentes de Napoleão Bonaparte e do Duque de Wellington trocaram um aperto de mãos em Waterloo no 200º aniversário da batalha que pôs fim à hegemonia imperial da França sobre a Europa e abriu as portas para um século de paz frágil.
Anfitriões das comemorações, o rei e o primeiro-ministro da Bélgica aproveitaram a ocasião desta quinta-feira para saudar a União Europeia, sediada a alguns quilômetros de distância em Bruxelas, e descreveram Waterloo, marcada por grandes perdas no dia 18 de junho de 1815, como um divisor de águas no desenvolvimento de sistemas de gerenciamento dos muitos Estados do continente.
Em um gesto simbólico, descendentes dos comandantes francês, britânico, holandês e alemão apertaram as mãos: Jean-Christophe Napoleão Bonaparte, um financista de Londres; Arthur Wellesley, filho do atual Duque de Wellington; Nikolaus Prince Bluecher, descendente do marechal prussiano, e o rei Willem-Alexander, da Holanda, cujo ancestral conduziu os aliados holandeses de Wellington.
"Aqueles que ontem eram inimigos se tornaram os aliados mais próximos", disse o premiê belga, Charles Michel. "Não é uma batalha, mas uma reconciliação o que quero celebrar hoje".
O rei belga Philippe, cujo país foi criado através do sistema diplomático criado na esteira de Waterloo, relembrou como a derrota definitiva do império napoleônico pós-revolucionário, que ia da antiga Ibéria até a fronteira russa, levou a um "projeto de Europa" com a meta de acertar desavenças em paz.
"Hoje, as instituições europeias estão firmemente estabelecidas em Bruxelas, a alguns quilômetros de Waterloo", disse. "Certamente nem sempre é fácil conviver. Mas sempre é melhor se reunir ao redor de uma mesa de negociação do que no campo de batalha".