Atenas, 11 jul (EFE).- O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, afirmou nesta sexta-feira que o governo fez muitas concessões na proposta enviada aos credores em relação a seu programa inicial, em troca de manter o país na zona do euro e conseguir financiamento, um pacote de investimentos e a reestruturação da dívida.
"Não quero esconder a verdade. O acordo que será debatido no Eurogrupo (fórum informal que reúne os ministros de Economia e Finanças da zona do euro) está longe de nosso programa", disse Tsipras em discurso no parlamento prévio à sessão que debaterá se dará sinal verde ao governo para continuar negociando com os credores.
O premiê grego afirmou que a opção era escolher entre "o que temos e o que tínhamos há 15 dias" em alusão à proposta apresentada pelas instituições ao governo no dia 25 de junho, um plano que qualificou de "ultimato" e levou à convocação do referendo.
Tsipras assinalou que pediu que os gregos votassem "não" no referendo de domingo passado, não para romper com os credores, mas para fortalecer a posição do Executivo nas conversas.
"Devemos admitir, por outro lado, que o que (os credores) nos pedem é difícil. É melhor do que o ultimato, mas é difícil", destacou o primeiro-ministro, que acrescentou que agora o país tem "pela primeira vez, a possibilidade de fazer desaparecer a discussão sobre o 'grexit' (a saída da Grécia do euro)".
O chefe de governo da Grécia explicou que, com esta proposta, o Executivo conseguiu um "programa totalmente europeu", pois não contará com a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI), que proporcionará apenas "ajuda técnica", o que significa que "termina a 'troika' como a conhecemos", disse.
Além disso, Tsipras destacou que o plano grego contempla uma duração de três anos, o que "dá tempo para restabelecer a economia" e, inclusive, antecipou sua intenção de que o país saia aos mercados antes.
Em comparação, o premiê grego disse que o programa proposto no dia 25 de junho pelos credores previa um período de cinco meses.
Tsipras comentou que o superávit primário "será menor e dependerá das capacidades da economia" e que, com o empréstimo solicitado ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), "devolveremos os bônus do Banco Central Europeu que vencem em julho e em agosto".
O premiê assegurou que isto é uma mudança de dívida de curto prazo para longo prazo e corresponde a uma primeira reestruturação.
"Finalmente, pela primeira vez se discute a necessidade de uma reestruturação global da dívida", salientou Tsipras, que acrescentou que "é possível conseguir um compromisso para iniciar um debate real sobre a dívida".
O primeiro-ministro também destacou que seu Executivo negocia firmemente "pela Grécia e para que a Europa mude de rumo".
"Tenho certeza que esta semente de democracia e de dignidade que plantamos dará seus frutos para outros povos da Europa", enfatizou Tsipras, que afirmou querer não apenas permanecer na Europa, "mas viver e trabalhar como iguais na Europa".