BRUXELAS (Reuters) - A Comissão Europeia nega que sua exigência de que a Apple pague 13 bilhões de euros em impostos à Irlanda seja, conforme a pungente frase do presidente-executivo da empresa, Tim (SA:TIMP3) Cook, "uma completa besteira política".
Mas, disseram autoridades seniores da UE envolvidas na questão, a decisão certamente tem um forte elemento político, mesmo que a Comissária de Competições, Margrethe Vestager, diga que seu caso se sustentará diante a apelação de Cook devido a seus méritos legais.
O objetivo político de Bruxelas visa menos as corporações norte-americanas do que os eurocéticos em casa, que ameaçam destruir a UE se o bloco não mostrar que pode agir no interesse de seus eleitores.
"Ser político não deve ser confundido com politizado", disse uma porta-voz do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Para ele, lutar contra a evasão fiscal tem sido uma "prioridade importante" desde antes de ter assumido o órgão executivo da União Europeia dois anos atrás, disse a porta-voz.
Os esforços em andamento, inclusive nos Estados Unidos, para combater a evasão fiscal são políticos no sentido de que todos os países, com orçamentos apertados, enfrentam pressão de eleitores para recuperar o dinheiro de outras pessoas, preferencialmente companhias ricas, dizem especialistas fiscais e autoridades do governo.
Para as instituições da União Europeia, a luta é menos relacionada a valores - o dinheiro da Apple irá para a Irlanda se Vestager vencer seu caso. Bruxelas está lutando pela própria sobrevivência da UE e contra os eurocéticos, como os apoiadores da saída do Reino Unido do bloco, que persuadiram os eleitores a votarem pelo Brexit em junho.
Estes populistas, de esquerda ou direita, do Partido de Independência, do Reino Unido, ao Frente Nacional, da França, ou o movimento 5 Estrelas, na Itália, obtiveram apoio dos eleitores ao acusar a UE e a Comissão executiva de se aliarem com grandes empresas multinacional contra o povo.
"(O caso da) Apple mostra como lutar contra o populismo", disse uma autoridade sênior da UE, familiarizada com o pensamento do presidente da Comissão.
(Por Alastair Macdonald e Foo Yun Chee)
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447723))
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