Bruxelas, 2 mai (EFE).- Os governantes europeus farão no próximo
dia 7 uma cúpula extraordinária para debater novas regras de
governança econômica na zona do euro, após a operação de ajuda
financeira à Grécia lançada hoje, a primeira na história da moeda
europeia.
O presidente do Eurogrupo (grupo de ministros de Finanças da zona
do euro) e primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker,
deixou claro que os chefes de Governo não terão que decidir nada em
relação à ajuda à Grécia porque "a decisão foi tomada hoje".
Segundo Juncker, sendo eles os que elaboraram em 11 de abril o
mecanismo de ajuda iniciado hoje, "não há nada anormal" em voltar a
se reunir para trocar pontos de vista.
A iniciativa da reunião de líderes corresponde ao presidente do
Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que tinha ventilado até agora
uma data "perto de 10 de maio".
Em várias ocasiões, Juncker ressaltou que "o Eurogrupo decidiu
esta tarde" e que os líderes "não voltarão nesta decisão" no
encontro da próxima sexta-feira.
Os governantes europeus conversarão sobre os trâmites que cada um
tem que atender em nível interno a fim de tornar o dinheiro efetivo.
Antes do primeiro desembolso, alguns Estados-membros terão que
cumprir algumas exigências. A Alemanha, que dará a contribuição
principal, ainda vai passar por trâmites parlamentares e
administrativos para a concessão dos empréstimos bilaterais.
Juncker deixou claro que as autoridades gregas terão o dinheiro
até o dia 19 deste mês, data em que vence um montante elevado de
obrigações e bônus.
Após o anúncio hoje em Atenas dos termos do programa de ajuste
trienal (2010-2012) acordado entre as autoridades gregas e
instituições internacionais, os ministros de Finanças da zona do
euro chegaram esta tarde em Bruxelas a um acordo sobre o montante da
ajuda internacional que concederão à Grécia.
O pacote chega a 110 bilhões de euros, dos quais 80 bilhões serão
desembolsados pelos membros da zona do euro em forma de empréstimos
bilaterais.
O comissário de Assuntos Econômicos e Monetários da União
Europeia (UE), Olli Rehn, indicou que a taxa de juros estimada para
os empréstimos europeus ficará perto dos 5%, como já tinha sido
anunciado.
O mecanismo de acompanhamento previsto contempla revisões
trimestrais da redução do déficit grego, a primeira das quais terá
lugar antes do verão europeu, segundo o comissário.
Rehn admitiu que o compromisso contraído hoje pelos 15 parceiros
da Grécia implica que todos tomaram consciência da importância de
cumprir estritamente os programas de estabilidade e as promessas de
redução dos deficit excessivos.
Segundo Rehn, em 12 de maio, a Comissão Europeia (órgão executivo
da UE) fará recomendações sobr o tema que afetam "outros países" da
zona do euro com números no vermelho.
O comissário ressaltou, no entanto, que a Grécia "é um caso
especial, que não pode ser comparado com nenhum outro", mas previu
um "debate muito sério" tanto no Eurogrupo como entre os 27 países
da UE sobre a necessidade de disciplina fiscal.
O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet,
lembrou a defesa que a instituição sempre fez da aplicação "rigorosa
e permanente" do Pacto de estabilidade e crescimento, que fixa as
regras de disciplina orçamentária.
Tanto Rehn como Juncker rechaçaram a ideia de que a decisão de
hoje supõe que a Grécia ficou "sob tutela" da UE.
"A Grécia não está sob tutela; concluímos um programa, um acordo,
que será executado. Estamos em um sistema de solidariedade que não é
de mão única", afirmou o presidente do Eurogrupo. EFE