Praga, 1 mar (EFE).- Diante da falta de interesse artístico, as autoridades da República Tcheca decidiram manter em um armazém uma coleção de 16 quadros que pertencia ao ditador nazista Adolf Hitler, informou nesta quinta-feira o mosteiro onde foram encontradas algumas dessas obras.
"Não sabemos o que fazer com esses quadros. Por isso, os devolvemos ao armazém", disse à Agência Efe Marcela Joskova, a administradora do mosteiro de Doksany, ao norte de Praga, onde um historiador encontrou sete quadros no ano passado.
O estado das obras encontradas, que foram expostas ao público na segunda-feira, é bom e sua temática é militar, acrescentou a administradora.
Entre os quadros exibidos nesta semana, estão "Lembrança de Stalingrado", pintado pelo alemão Franz Eichhorst (1885-1948). Outros dos artistas que fazem parte da coleção são Adolf Ziegler, Richard Klein, Sepp Hilz e Hermann Gradl.
As obras, adquiridas por Hitler na Alemanha em 1942 e 1943, foram transferidas à República Tcheca durante a ocupação nazista para protegê-las de possíveis ataques aéreos dos aliados.
Jiri Kuchar, um historiador que procurou as obras de arte de Hitler em vários mosteiros da República Tcheca durante cinco anos, afirmou nesta quinta que os quadros encontrados poderiam ter um valor total de 2 milhões de euros.
Os quadros terão agora um destino similar ao de outras obras adquiridas por Hitler, que em sua juventude tentou ganhar a vida como pintor.
"Cerca de 900 obras estão em um armazém de Spandau, na Alemanha, e não há interesse em expô-las, salvo em raras exceções", disse Kuchar em declarações à Efe.
Nesse sentido, Marcela afirmou nesta quinta que a venda das obras "foi descartada", já que para isso seria necessária uma autorização dos ministérios de Finanças e Cultura tchecos.
Embora tenha pouco valor artístico, a coleção descoberta pertence à República Tcheca, já que após a Segunda Guerra Mundial passou a ser considerada como "despojo de guerra".
Segundo Kuchar, o Estado alemão não tem interesse nessas obras, "nem mesmo o neto de um dos artistas" da coleção. EFE